terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O vírus da Crise!

Quando o capitalismo contrái a gripe, manda a precaução que nos afastemos do seu contágio.
E é exactamente neste período de choco que nos encontramos na actualidade.

Desde que o Homem usa do dinheiro para controlar as suas vidas, que existem altos e baixos na prosperidade social. Uns mais repentinos que outros.
Antes estivéssemos novamente em crise repentina pois dela poder-se-ia usufruir dos efeitos do choque, e com isso dar-se passos demarcados para um futuro adaptado.

Basta olharmos para o século findo para percebermos que foi uma crise prolongada que instituíu o salazarismo, mas não foi nenhuma que nos tirou dele.

E se hoje um novo Salazar se insurgisse, seria corrido no mesmo instante - Efeito da râ cozida - Se colocarmos uma râ num tacho com água a ferver, ela salta de imediato, mas se a colocarmos em água morna, e a aquecermos em lume brando, a rã acaba cozida por nunca ter sentido "choque".

Tal como revoltas modernizam mentalidades, ou como o guerrear potencia a ciência, é do choque que se obtem as grandes transformações!


2009 Será ano de choque?
Será com certeza outro ano engripado com a crise!
E como qualquer outra gripe, temos as mezinhas:
Temos um governo que dá subsídio de desemprego directamente às empresas para não constarem das estatísticas. Que oferece uns milhares de euros por cada novo posto de trabalho para que as empresas façam Sócrates cumprir a promessa dos 150mil. Salva-se as solvências privadas com dinheiros públicos e ainda há quem lucre com isso! Permite-se o constante agravamento da dívida pública e fala-se em "margens de manobra".

Que Doutores são estes que nos dão tais prescrições?
Não há direito a segunda opinião?!...

Todos nós sabemos que as mezinhas curam constipações e amenizam as gripes... Mas se nada mais for feito, no próximo Inverno cá estaremos a expirrar novamente!

Estaremos todos condenados à constipação eterna?
Quem está engripado são todos os que não se agasalharam.
As economias emergentes cuja economia se baseia na produção real e não na especulação virtual, só sofre alguma crise porque as economias ditas "emergidas" estão mais reticentes em comprar.
São o medo e a desconfiança que descem as compras, e é por essa via que as emergentes sofrem o que sofrem.

Portugal, que nem sabe produzir nem sabe especular, vai atrás das modas desde a revolução francesa.
Usa vacinas certas contra estirpes erradas. Portugal não é um outro país. Portugal não é o mesmo nem sofre as mesmas patologias que a Europa ou os Estados Unidos. Cada cura tem que ser tratada no plano a que compreende. E notoriamente, Portugal não está a cuidar de si!


A melhor cura?
Ninguém está imune á gripe em todas as estirpes. E ainda que hajam corpos mais fortes, mais Inverno menos Inverno o nariz pingará.
É assim o capitalismo, a lei do mercado prevê altos e baixos, sucessos e falências. E se ainda vivemos neste modelo pela ideia de não haver outro excepto utopias, que seja! Mas que saibamos tirar proveito desse modelo.

Que tenhamos à mão um bom sobretudo quando as temperaturas baixam. Que tenhamos atenção às diferenças térmicas. Que evitemos mais as economias doentes e nos acerque-mos das sãs.
Com tanta prevenção por fazer, deixemo-nos de caprichos políticos ou investimentos à moda dos outros e apostemos no que interessa!


Esta crise só agora começa a aqueçer, sem o choque para nos ajudar, ou saltamos pela nossa inteligência, ou cozemo-nos na ignorância...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

10 de Dezembro - Dia Internacional dos Direitos Humanos

Os direitos humanos representam para uns, os direitos naturais do ser humano, para outros o conjunto normativo que resguarda os direitos dos cidadãos.

Em qualquer dos casos, hoje, Dia Nacional (desde 1998) e Internacional (ONU, desde 1950) dos Direitos Humanos, nunca é demais relevar a importância de uma das maiores autoridades históricas neste delicado tema - O grande mestre Padre António Vieira (em cima, foto do memorial inaugurado no passado 6 de Fevereiro na Calçada do Correio Velho, em Lisboa).

Aqui fica o óptimo artigo de Marco Maciel, senador (DEM-PE) e membro da Academia Brasileira de Letras, publicado hoje na imprensa brasileira:


«Padre Vieira e os direitos humanos


“Os erros dos homens não provêm apenas da ignorância, mas principalmente da paixão.
A paixão é a que erra, a paixão a que os engana, a paixão a que lhes perturba e troca as espécies para que vejam umas coisas por outras. Os olhos vêm pelo coração e assim como quem vê por vidros de diversas cores, todas as coisas lhe parecem daquela cor assim as vistas se tingem dos mesmos humores, de que estão bem ou mal, afetos os corações.” Essas são palavras do padre Antônio Vieira no Sermão da Quinta Quarta-Feira da Quaresma de 1669. Pascal, um século depois, repetiria o mesmo pensamento com exemplar concisão: “O coração tem razões que a própria razão desconhece.”

Não se pode deixar de ressaltar como característica primordial do padre Vieira a simbiose aparentemente contraditória do orador sacro com o político. Seus sermões, sobremodo, foram utilizados como veículo de propagação sacerdotal-missionária dos preceitos evangélicos e coincidiam com a patriótica solução de problemas múltiplos, socioeconômicos em especial, em favor de sua pátria-mãe e de suas colônias.

A propósito, no instante em que se faz memória da passagem do quarto centenário do nascimento do padre Antônio Vieira e em que se celebra a passagem dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, impõe-se dar ênfase ao obstinado papel que exerceu o padre Vieira na defesa dos índios, negros, escravos, cristãos-novos e judeus.

Vale salientar, nesse contexto, duas lúcidas constatações do embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Seixas da Costa, em suas Palavras liminares, registradas no livro Traços Marcantes da Vida e Obra do Pe. Antônio Vieira, de autoria do padre e professor da Universidade de Brasília (UnB) José Carlos Brandi Aleixo: “Quando também agora se assinalam os 200 anos da presença da corte portuguesa, cabe lembrar que a idéia de deslocação da capital do Império para o Brasil havia sido aventada por Vieira bem antes de 1808, pelo que talvez também lhe deva caber parte do mérito de empreendimento fundacional da modernidade brasileira”; e “num tempo em que a ética pública atenta cada vez mais para as questões dos Direitos Humanos, mais notável se torna a presciência de Antonio Vieira ao adiantar, na humanidade de seu verbo, muitas das preocupações que agora nos são comuns, mas que, à época, representavam uma nem sempre confortável visão antes do tempo.”

Clóvis Bulcão, historiador e escritor de romances históricos, ao se reportar à presença da comunidade judaica do Recife no período da ocupação holandesa, registra a atuação de Vieira entre os cristãos-novos, então muito discriminados, e o inclui como o primeiro, à época, a falar da convivência dos cristãos e judeus. Da mesma forma, anota o historiador, Vieira considerava a catequese dos índios como a única maneira de conquistar a região amazônica.

De 1652 a 1661, atuou Vieira como missionário no Maranhão, empunhando a defesa dos índios - e o fazia do púlpito, que, segundo o padre e professor da UnB José Carlos Aleixo, era considerado por Vieira “a única tribuna independente, perante a autoridade civil, para expressar agravos populares”. De lá foi expulso, juntamente com os demais jesuítas, pelos moradores que se sentiram prejudicados pela alforria dos indígenas daquele regime escravocrata que lhes vinham impondo.

Dotado de personalidade riquíssima e de aspectos aparentemente contraditórios, Vieira - catequista de indígenas, pregador jesuíta, orador em cortes européias, missionário, professor de Humanidades e de Filosofia, homem de Estado, pensador de larga visão, de enorme atividade epistolar e arguto ator em política externa, diplomata-síntese de sua época - foi, igualmente, “o mestre da prosa portuguesa clássica”, consoante a definição precisa do professor Rubem Queiroz Cobra.

Deixou-nos Vieira por volta de 200 sermões eminentemente originais. Entretanto, o que mais causa admiração é o zelo religioso de seu talento como orador sacro, vazado num estilo tão contundente que a mera leitura de seus textos nos faz revisualizar, ainda hoje, a imagem dinâmica de seus gestos no púlpito e ouvir-lhe a voz tonitruante.

Essa exuberante demonstração de criatividade foi naturalmente haurida na Ratio Studiorum dos jesuítas, toda calcada na filosofia de Aristóteles, na teologia de Santo Tomás de Aquino e nas humanidades clássicas das maiores sumidades greco-romanas. Não são de admirar, assim, suas metáforas, alegorias e inesperadas comparações, que não dispensavam o paradoxo - como no Sermão do Santíssimo. Sacramento (1645). “Milagres feitos devagar são obras da natureza: obras da natureza feitas depressa são milagres.” Nem é de estranhar mais esta outra, extraída do Sermão da Epifania (1662). “O estilo era que o pregador explicasse o Evangelho: hoje o Evangelho há de ser a explicação do pregador. Não sou eu o que hei de comentar o Evangelho: o texto é o que me há de comentar a mim. Nenhuma palavra direi que não seja sua, porque nenhuma cláusula tem que não seja minha. Eu repetirei as suas vozes, ele bradará os meus silêncios.”

Concluo com o poeta Fernando Pessoa:

“O céu estrela o azul e tem grandeza

Este, que teve a fama e a glória tem,

Imperador da língua portuguesa,

Foi-nos um céu também.”

Essas palavras, inseridas na Obra Poética do maior vate de Portugal no século passado, expressam o reconhecimento ao padre Antônio Vieira, cidadão de dois mundos - autêntico luso-brasileiro -, pois nele se associam utopia e ação e, em plena harmonia, fé e atividade missionária.»

domingo, 23 de novembro de 2008

O Algarve, Investimento ou Negligência?

O Algarve, a região espelho.
É possível traçar paralelismos entre Portugal Continental e a região do Algarve, sobretudo no nível demográfico:
Interior desertificado e esquecido, litoral desordenado, dependência energética e do automóvel, economia de carácter especulativo e não produtivo, transportes ferroviários e aeroportuários desvalorizados.

Existem no entanto grandes diferenças:
O índice de população envelhecida é 25% superior ao da média nacional. Há mais taxa de natalidade, de mortalidade e de divórcio. Em contraposição, a taxa de nupcialidade é bastante inferior à média nacional.
O número de médicos por habitantes é inferior em 20% à média nacional. Isto numa região que regista 40% de toda a capacidade hoteleira e dormidas de Portugal (exceptuando as camas paralelas).


O Algarve e o efeito-ilha.
A geografia confere à região uma localização periférica, no extremo sudoeste da Europa, situação agravada pelo facto de confinar com regiões pouco desenvolvidas no contexto dos dois países Ibéricos, o que provoca óbvias dificuldades acrescidas.
Ao contrário das regiões vizinhas, o Algarve vai deixar de receber fundos estruturais, ainda que sendo uma quebra progressiva de verbas ao longo dos próximos seis anos.
Associando o facto de as duas regiões vizinhas, o Alentejo e sobretudo, a Andaluzia manterem o seu estatuto actual (de beneficiários), verifica-se que se cria um outro efeito-ilha com o Algarve.
O Algarve terá então relativamente menos recursos externos para potenciar o seu desenvolvimento económico e social e os instrumentos financeiros de atracção de empresas também serão menos favoráveis
Há que racionar e racionalizar os fundos que restam à região. A cooperação inter-regional e os factores de competitividade no que respeita à atracção de investimento e recursos, tornam-se assim uma aposta chave na estratégia para os próximos anos.

O Algarve, altamente deficitário em recursos de toda a ordem (derivados de petróleo, alimentos variados, materiais de construção, etc.) vê-se limitado pelas fragilidades logísticas de uma ilha, sem contudo aproveitar a sua maior vantagem, o próprio mar.

Por sua vez, a anatomia actual do Algarve fá-lo figurável a um grande resort turístico inserido numa “grande vila rural do interior”. Sofrendo pois os precisos problemas dessa conotação:
- Longe das cidades, longe das infra-estruturas e longe das soluções. Isso limita todo o potencial do resort.
- Sendo o litoral o único território adaptado ao turismo, o turista acaba na maioria das vezes passando um mês na região sem conhecer mais que não seja um curso de golfe, uma praia, um hotel.
- Os factores de insegurança do litoral transpõem-se para toda a região, contudo, ao proteger-se somente o litoral turístico, instala-se um exponencial sentimento de insegurança na restante região.
- Os decisores, para gerar mais e melhor riqueza focam exclusivamente o litoral turístico, o resort, sublimando grosso modo o resto da “vila” que assim se vê limitada à mera manutenção (se tanto).

Prescindir do potenciamento da região em si, para desenvolver este ou aquele aspecto particular da oferta turística, é a má política que descalça o progresso sustentável!

Se potenciarmos a região, estaremos automaticamente a promover o interesse no investimento e a dar valor acrescentado quer ao que se perspectiva quer ao que já existe.


O Algarve, uma região turística!
Foi com a aterragem dos primeiros aviões comerciais em Faro a partir de 1965, e com a inauguração da ponte Salazar (25 de Abril) em 1966, que se determinou que o Algarve iria deixar de ser apenas uma terra de pescadores, conserveiros e fazendeiros para começar a ser a força nacional da nova economia emergente, o Turismo.
Já muito antes da inauguração da ponte internacional do Guadiana em 1991, a indústria conserveira desaparecera, mas os novos visitantes sempre apreciaram o peixe fresco assim como a restante gastronomia regional por demais para que também estas actividades sucumbissem.
Hoje temos o perigoso envelhecimento dos que possibilitam essa gastronomia, cortes nas cotas de pesca, proibição da apanha de marisco, frotas abatidas, concorrência com barcos espanhóis, marroquinos e chineses, todos de custos de produção reduzidos.
Ainda assim, o Algarve resiste.

Por mais que se veja dois Algarves de aquem-mar distintos, o Algarve não é divisível!
Além da actividade piscatória, a actividade turística que se verifica no litoral depende da mão-de-obra do barrocal, e dos dividendos da serra. Não se deve subestimar o paradoxo de o interior subdesenvolvido suportar a actual capacidade turística do litoral.
Este efeito simbiótico entre o litoral e o interior não deve ser negligenciado.
O turismo é a indústria económica da região com os pilares praia e golfe. Infelizmente esta estrutura foi montada por força da especulação e não por estratégia.
Investe-se em constantes retoques ao sabor do vento empresarial, remenda-se instrumentos de ordenamento ao sabor do que vai sendo implantado à priori. Isto não é estratégia nem é gestão regional.


O mito do crescimento desenfreado.
O tecido empresarial existe e o interesse e os fundos de investimento estão sempre sedentos de espaço para apostar, contudo, as ofertas de investimento esbarram em muros de burocracia que afastam os interessados para outras regiões.
Pelo meio surgem então construções em zonas protegidas, erguem-se empreendimentos suspeitos e instalam-se novos magnatas do turismo.
De quem é a responsabilidade?
Criticam-se os casos como o Vale do lobo e da Praia da rocha.
Os prédios da praia da rocha foram aprovados antes de haver regulação que os proibisse, o Vale de Lobo foi um projecto que andou às turras com os planeamentos sucessivos durante anos mesmo depois de conferido o estatuto de interesse público e actualmente somente algumas edificações comerciais à “beira-praia” estão ilegais.
Vale de Lobo pode não ser um bom exemplo do ponto de vista historial, mas é facto que hoje é um resort de luxo, de baixa densidade populacional, fonte de riqueza 12 meses por ano que emprega milhares de pessoas.
Estas críticas aos maiores investimentos dissimulam verdadeiros atentados como o caso de toda a costa desde o Carvoeiro até Albufeira, onde se vislumbram loteamentos desagregados e blocos de apartamentos por todo o lado. Estes, ainda que na sua maioria respeitem os fracos planos de ordenamento da altura, geram tanto de economia paralela como riqueza real.

Apesar da experiência, continuam-se perdendo oportunidades.
Um empreendimento de grande valor foi recentemente edificado na margem espanhola do rio Guadiana (Costa Esuri), mais um investimento que pulou fronteiras por desinteresse português.
Que se conclui?
Atentemos num caso oposto.
A região tem agora um novo equipamento, um autódromo a ser complementado com toda uma estrutura complementar de elevadíssimo potencial económico. Este foi projectado e construído em tempo recorde. Como foi possível?
Tal como qualquer outro projecto privado, não há habitação ou empreendimento que se materialize se ficar numa gaveta. Não foi o suprimento de exigências, mas sim o avanço rápido entre as diferentes etapas que a classificação de PIN deu de valia à Parkalgar.

Um projecto, seja de pequena ou grande dimensão, não pode levar anos a ser analisado e confrontando com planos, que pelas alterações frequentes causam um impedimento cíclico.
Hoje podemos ter planeamento, mas será que serve o projecto de amanhã? Este é o medo dos investidores. Mesmo tendo planeamento continuamos com as grandes delongas entre procedimentos que atrasam projectos cancelam contratos e desesperam promotores.
Não são as restrições e condicionantes que impedem os investimentos. Para isso há contrapartidas e promotores capazes de valorizar as valências permitidas colmatando as negadas.

Ainda ao nível do ordenamento do território, não há construção dispersa como no litoral centro, nem há vivendas de luxo clandestinas em parques naturais como na Arrábida.
A região algarvia padece sim, do mesmo mal do resto do País, a burocracia processual.

É possível, com limites claros e objectividade processual dar corda ao privado estimulando ao máximo a diversificação da oferta turística, e assim atraindo novos turistas.
Desde o naturismo aos eventos desportivos, passando pela prática de desportos radicais e aventura (Náuticos, BTT Downhill, Trekking, paintball…), existe todo um potencial por explorar e gente interessada em explorá-lo.


Factores competitivos?
Enquanto se olhar para o Algarve como uma praia de Lagos a Tavira, estamos não só a esquecer o património histórico de um território como a negligenciar os algarvios e as suas capacidades integradas.

A praia por si só não constitui factor competitivo, a longo prazo será impossível competir com as praias quentes da Andaluzia, elas estão progressivamente a ficar mais limpas, mais cuidadas e mais apetrechadas de estruturas de apoio.
A chave do valor acrescentado para a praia e para toda a oferta turística do Algarve é a própria diversidade regional! Na Andaluzia é impossível estarmos numas termas vulcânicas a comer marisco de rocha fresco, é impossível ter bom surf com vista para monumentos nacionais, ou saborear um medronho acabado de fazer depois de ter jogado 3 campos de golfe diferentes na manhã…


O marketing e a oferta.
Angariar turismo não é uma questão de oferta, é competência do marketing. Oferta é aquilo que podemos providenciar em troca do dinheiro do turista. Com o marketing certo, consegue-se levar turistas do Sahara ao Everest, e se o marketing visar a oferta, o turista compra.

Temos pois um marketing internacional que foca em mercados distantes a “west coast”, o Sol, o Golfe, a paisagem. E foca bem pois são os pilares do turismo de excelência.
O gráfico de afluência turística em cada ano é paralelo ao investimento na promoção internacional.
É no Algarve que falta o marketing interno. Um turista que é deixado aborrecer-se no seu resort durante a sua estadia, é um turista que não volta. E assim se desperdiça todo o potencial que a diversidade regional representa para o rendimento e fidelização de cada turista.
É nesta base que surge o projecto CRIMA – Convenção Regional para a Implementação da Marca Algarve. Trata-se de uma ideia a desenvolver que visa colmatar esta lacuna recorrendo à interpromoção de valências turísticas entre as diferentes entidades regionais, comerciais ou não.


Acessibilidades.
As cidades servem de plataformas logísticas para o turista. E verifica-se em todo o historial do Algarve e mesmo de todo o território nacional que são os acessos que fazem das cidades o que elas são. As acessibilidades são por isso a matriz do ordenamento do território.
Será absurdo discutir um PROTAL ou mesmo troços de orlas costeiras, quando tudo quanto se projecta empurra as pessoas e os investimentos para os lugares que se visa salvaguardar, sobretudo se desenquadrado de uma estratégia regional de transportes.

A deficiência mais flagrante é a ferrovia.
O Algarve não é o mesmo de á 90 anos atrás quando se projectou a rede ferroviária do Algarve. O traçado Lagos-Tunes atravessa dunas e campos de golfe, circunda a ria de alvor (evitando esta localidade), passa por Portimão e segue para Silves (com a estação a 1500m do perímetro urbano da cidade!), segue então para Tunes evitando toda a faixa urbanizada Lagoa-Albufeira.
Por sua vez, os residentes de Sagres ou Aljezur continuam totalmente isolados a 30km da estação mais próxima (Lagos) e a 50km do centro comercial mais perto (Portimão) – Sagres é o local mais visitado do país a seguir ao santuário de Fátima.
A reconversão da actual linha ferroviária regional Poente-Nascente em comboio ligeiro eléctrico é um dos projectos já previsto pelo PROTAL, em discussão desde à dois anos, mas que ainda não passou de ideia…

O documento intitulado “estratégia Algarve 2007-2013”, documento elaborado pela CCDRAlgarve com colaboração da grande maioria das entidades regionais para orientar as verbas atribuídas à região, prevê além deste, outros grandes melhoramentos ao nível das acessibilidades. Infelizmente deles ainda só se vislumbra de longe a requalificação da EN125. Será preciso não deixar cair por terra o trabalho já feito.

A via do Infante pode merecer portagens se se provar rentável. É puro lobismo e populismo insensato defender o actual estado miserável da via rápida. Um turista que não possa pagar uma portagem não é o turista que faz falta. Uma empresa que dependa desta via decerto não terá problemas em adquirir a Via Verde.
Mas atenção! As gentes do Algarve nunca consentirão portagens na via do Infante sem que estejam asseguradas as alternativas indespensáveis à movimentação confortável de pessoas e bens. É preciso garantir a viabilidade da EN125 e de uma rede de transportes públicos que satisfaça as necessidades da região.

Além das acessibilidades, e qualquer que seja o caminho a dar à região, será necessário sustentar a estrutura económica da indústria turística.


Um Algarve sustentável?
O Algarve pode não ter problemas de abastecimento nos períodos mais calmos do Inverno, mas nos restantes meses turísticos depende do exterior para quase tudo! Mais que combustíveis e alimentos, é toda uma panóplia de produtos de aplicação constante. E tal como nações se debatem por serem o mais auto-suficiente possíveis, é preciso inverter a tendência de escassez de tudo, e tornar o Algarve sustentável.
Existem aspectos para já incontornáveis como o caso dos combustíveis, (1.ª Grande região afectada pela paralisação do passado Junho), artigos variados para a construção e mesmo tecnologias, mas há um aspecto essencial para o qual existem todas as condições, os bens alimentares.
É preciso promover a agricultura de subsistência regional, as pequenas pecuárias, os frutos, os legumes, os cereais e as especiarias.
A produção no Algarve tem que ser uma realidade que acompanhe o desenvolvimento turístico, porque senão estaremos a condenar a região à esfaimação com esta perigosa dependência da logística.
O Algarve não pode mudar de sítio. E como qualquer tribo que não seja nómada, a região tem que viver do que tem, reduzindo as dependências “externas” àquilo que não pode produzir naturalmente.
O turismo algarvio gera muita riqueza, mas ela pode ser mais competitiva se o “custo de produção” diminuir!

Também neste campo as acessibilidades importam e muito, mas há uma outra necessidade que importa acautelar…

O problema hidrológico do Algarve.
A barragem de Odelouca vai sem dúvida dar um folgo ao Barlavento. Mas num território em desertificação geográfica, e numa era em que o clima se mostra reticente em manter níveis de pluviosidade, será a Odelouca suficiente?
Os recentes campos de golfe começam a ter sistemas de maior eficiência no uso do precioso líquido, já reciclam e reaproveitam as suas águas, não deixando contudo de consumir milhões de litros… Mas e os existentes?! Temos que tolerar a desculpa do “já existia…” para continuar a permitir a resorts, o consumo abusivo e ineficiente da água que todos necessitam para beber?
Fecham-se repuxos e fontenários, baixam-se caudais de linhas de água e canais, até se “manda” as pessoas terem pânico aos autoclismos…e no fim nada se faz para com os campos de golfe ou piscinas!? Como se pode aceitar isto?
É preciso agir! Caso contrário teremos à primeira grande seca os pobres e os carenciados do Algarve (e é preciso não esquecer que os há) a morrerem à sede e à fome por a única água natural potável e gratuita servir as delícias dos golfistas e dos banhistas…

Sem água, não há comida.
Só estendendo a rede de canais a todos os pontos onde ela é precisa se conseguirá garantir a subsistência alimentar da região.
São possíveis mais barragens no interior…
Não nos preocupemos tanto com o potencial eléctrico, mas sim com a sede das pessoas...
E se o ciclo natural da água não nos favorece, dessalinizemos! Não podemos deixar a inacção repetir um caso Barcelona no Algarve!


Assegurado um futuro desigual para o Algarve.
As populações do Algarve já aprenderam à sua custa a lidar com as realidades distintas consoante se trate de uma zona turística ou mais isolada.
Mas que futuro lhes espera?

Reparemos nos principais projectos em curso e apontados para o Algarve para os próximos anos:
- Requalificação da EN125 – Em fase de negociação (300ME);
- Hospital Central do Algarve –
- Barragem de Odelouca – fase final de construção;
- Reconversão e adaptação da ferrovia Algarvia ao comboio ligeiro – fase de estudos;
- Central de Biomassa em Monchique;
- Requalificação dos portos de Albufeira, Quarteira, Fuseta e Olhão;
- Porto de pesca de Tavira (1ME);
- Porto de Recreio de Faro (2ME);
- Polis da Ria Formosa – Primeiras intervenções em curso, investimento de 87ME a concluir até 2012;
- Requalificação da zona ribeirinha de Alcoutim, Lagos, Faro, Olhão e VRSA – Algumas já em execução;
- Requalificação da Frente Ribeirinha de Portimão – Em negociação com privados, o projecto inclui a construção de um oceanário, um insectário e um planetário no valor estimado de 100ME;
- Novo projecto para o Aeroporto de Faro – nova fase de expansão que prevê a construção de caminhos de circulação de aeronaves e duas saídas rápidas de pista de modo a aumentar a capacidade de resposta para 30 aeronaves/hora para fazer frente aos 6,7 milhões de passageiros previstos para 2011;
- Conclusão do complexo da Parkalgar – Autódromo concluído, kartódromo previsto abrir na primavera e Hotel 5* estrelas já em Agosto 2009;
- 2 Novos aeródromos com características de aeroporto (Um no Barlavento, perto do novo complexo da Parkalgar, outro em Loulé, junto à Cimpor;
- A cidade judiciária e as novas instalações da PJ em Faro (1,3ME);
- Esquadra da PSP de Lagos (1,6ME);
- Alimentação artificial da Praia em Albufeira (1,66ME);
- Novo estabelecimento prisional do Algarve, a ser construído em Messines – Silves (1ME);
- Trabalhos para a navegabilidade do Guadiana, em Vila Real de Santo António (0,8ME);

São todos projectos a ser acarinhados e bem recebidos. Mas quais os concelhos que estes projectos beneficiam? São os mesmos de sempre, os concelhos costeiros de Lagos a VRSA.
Aljezur, Monchique, Vila do Bispo, Silves, S. Brás de Alportel e mesmo Alcoutim continuarão a ser esquecidos e condenados por não estarem perto da acção.

Reparando no PIDDAC para 2009 orçado em 99,9ME, os concelhos de Alcoutim, Monchique, São Brás de Alportel e Vila do Bispo não recebem um cêntimo do PIDDAC 2009, e mesmo Aljezur recebe uns vexatórios 1500€.

Tal como no Continente, ignora-se o interior o que significa que apesar dos investimentos, a região é na verdade, negligenciada.


Autonomia para o Algarve?
Urge minimizar estas assimetrias que se avizinham sobressaídas com as diferentes dotações orçamentais. Urge preservar o interior para sustentar a estrutura turística, e aliviar o fosso entre os 5% dos ricos que controlam uma riqueza equivalente aos 60% mais pobres.
No Algarve não se quer contrastes, quer-se coesão, união e sinergia.
Há ideias, só falta vontade.
Se a AMAL, a CCDRAlgarve e o Governo não conseguem levar por diante a sua própria estratégia definida e se não abre os olhos a uma região que sem guerrear se entregou a ser Portugal, então temos que ponderar:
A criação da Região Administrativa do Algarve.

Mas cuidado…
Por exemplo, Miguel Freitas, líder do PS Algarve e defensor da regionalização regozija-se com o PIDDAC 2009:“O investimento e as prioridades não escolhem concelhos. O investimento não é municipal, é da Administração Central”.
Trata-se de um bom argumento para se votar contra a regionalização!
O receio de novos “ditadores” regionais se deixarem cegar pelo turismo visível enquanto alheiam as estruturas sociais invisíveis, melindra a regionalização.
A gestão dos recursos financeiros deve ser regional, deve ser municipal e deve ser incisiva nos focos de desigualdade que existe na região.
Uma administração regional não é para fazer o que um governo central já faz. Serve sim para atingir com conhecimento, sensibilidade e eficácia, os objectivos que um governo central não consegue focar.
A regionalização serve para se poder chegar mais rápido onde mais se precisa, servir melhor as populações e interligar engrenagens locais. A regionalização não deve nunca esquecer os mais desfavorecidos ou ignorar terras esquecidas.

Com ou sem regionalização do continente, os sucessivos Governos continuam sem vontade e sem meios para descentralizar e desburocratizar a “galinha dos turistas d’ouro”. O Algarve precisa ser reavaliado como a região que reúne mais condições, quer pelas suas especificidades, quer pelas suas heranças históricas, para ser a região piloto da regionalização do continente português.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Educação Portuguesa em crise!

É o descontrole total.
É com tristeza que se assiste a este cenário nacional vergonhoso:
- A ministra obtusa já não entra em escolas sem assobios e "ovos de páscoa".
- As associações de professores rasgam acordos e revo ltam-se contra todo o sistema.
- Escolas recusam-se a cumprir a nova Lei.
- Alberto João Jardim classifica todos de "BOM" por decreto.

Onde vai isto parar?
Os professores sentem no novo modelo de avaliação, a gota de água que rebenta a bolha da política educacional de Sócrates - "certificação em demérito da aprendizagem".

Por mais selvagens que sejam certas atitudes de certos grupos queixosos, não se pode deixar as coisas mal afirmando que os outros são os prevaricadores e que nada há a fazer para melhorar a situação.

Se os professores têm razão, devem protestar. Mas não devem ser coniventes com golpes partidários nem devem apreciar a vergonha que é um governante ver-se ridicularizado nos ensinamentos da sala de aula.

Se a Ministra têm razão, deve contudo ter presente que contra os professores não conseguirá estabelecer qualquer novo modelo de avaliação. Na política, tal como na vida, é preciso ceder para conseguir algo.

O Primeiro Ministro é o primeiro responsável.
Como tal deveria ter previsto que impôr todo um modelo tecnocrata (ainda que justo), numa classe profissional que para além de nunca ter sido alvo de avaliação rigorosaa, representa o maior lobby profissional, não iria ter bom resultado.

Bastaria ao ministério da educação ter dado às escolas a total autonomia na sua avaliação, aplicando somente cotas (flexíveis) para as notas mais elevadas e indexar melhor a progressão a essas mesmas notas, para estar em paz desde à dois anos e na próxima legislatura estaria em muito melhores condições de implementar um sistema similar ao que tentou.

Quem tudo quer, tudo perde, e por mais que o ministério refira estatísticas de implementação do novo modelo, não há volta a dar. A implementação falhou! Não há pacto social que salve.

O Primeiro Ministro, a ser inteligente como se julga, deve, tal como fez um ano atrás na saúde, fazer rolar cabeças para recuperar respeito e acima de tudo, apaziguar as populações.

Pode haver medo no acto de dar a "parte fraca" mas há coragem e força em sacrificar um capricho pela paz social.

A Ministra pode ter as melhores intenções na sua determinação, mas é na sua demissão que está um melhor ano educacional para o país.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Em 2015, 30% dos casais sofrerão de infertilidade!

Hoje, são já 500 mil, o número de casais portugueses com extrema dificuldade em conceber um filho.

Infertilidade Masculina aumenta.
40% dos casos devem-se a infertilidade masculina.

Uma recente investigação espanhola revela que quase 60% dos homens em idade fértil, entre os 18 e os 30 anos apresentam uma qualidade do sémen inferior à que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera normal.

Industrialização, poluição ambiental e ainda os químicos presentes na alimentação (como os corantes) são riscos da infertilidade masculina.


Barriga de aluguer?
A lei portuguesa não permite a maternidade de substituição, como técnica de reprodução medicamente assistida, mas isso não impede dezenas de casais portugueses de procurarem "barrigas de aluguer" nos Estados Unidos, já que na União Europeia é proibido. Uma odisseia que pode custar à volta de 100 mil euros, entre custos dos tratamentos, viagens, pagamentos à grávida de aluguer e serviços clínicos.

A falta de um banco de gâmetas.
Portugal ainda não tem um banco de óvulos e esperma no sector público, apesar de a lei da procriação medicamente assistida já ter sido aprovada e promulgada pelo Presidente da República, Cavaco Silva.
O investigador em Genética Mário Sousa, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, critica a lacuna: "Portugal ainda não tem um banco de gâmetas [células reprodutoras] por entraves políticos. Há dois anos o ministro da Saúde disse que não podia ser criado um banco de gâmetas porque a lei não fora ratificada. Hoje já podia tratar-se casais inférteis, mas não se sabe quando será criado um banco."


O Apoio do Governo.
Em 6 de Novembro de 2007, durante o discurso inicial no debate do Orçamento de Estado para este ano, José Sócrates anunciou o apoio à PMA, nomeadamente o financiamento a 100 por cento da primeira linha de tratamentos e do primeiro ciclo da segunda linha de tratamento.


No país existem 25 centros que realizam técnicas de PMA, a maioria são privados que cobram quantias muito elevadas por um tratamento.

Nos casos em que são necessárias técnicas como a Fertilização In Vitro (FIV) ou a Microinjecção Intracitoplasmática (ICSI), um tratamento pode custar mais de 5.000 euros, e mais de mil euros só para os medicamentos (injecções que estimulam a produção de óvulos, entre outros).

Aquando do anúncio de José Sócrates, o tempo médio de espera para um tratamento nos hospitais públicos era superior a dois anos.

Com o programa de apoio à PMA, o Governo disse esperar o nascimento de cerca de 1.700 crianças. Nenhuma nasceu até agora.

A Associação Portuguesa de Fertilidade.
A APF, que se prepara para uma acção pública de sensibilização para este drama
económico e pessoal que afecta centenas de milhares de portugueses, lamenta a situação insustentável que as pessoas com problemas de infertilidade vivem:
"O confronto com as limitações e com a segregação etária praticada no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é tal que a Lei sobre PMA, de 2006, permanece como uma miragem"...


Infertilidade pode ser definida como a incapacidade de conceber após um ano de relações sexuais não protegidas ou a incapacidade de manter a gravidez até o termo.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Frota russa ruma à Venezuela!

Enquanto que as conquistas à Geórgia despoletam nervosismo internacional, a Rússia consolida constantemente o firme apoio recebido pelos países da América Latina, essencialmente Cuba, Nicarágua e Venezuela...


Hugo Chávez, em tour diplomático, visitou Cuba e esteve na China onde travou acordos comerciais e aquisição de material bélico incluindo vários caças.

Chavés está agora na Rússia para uma visita de seis dias (segunda visita em 2 meses).

Logo no primeiro dia recebe do seu anfitrião Vladimir Putin convites de cooperação na área da energia atómica e a confirmação do empréstimo russo de um bilião de dólares para suportar parte dos contratos de armamento em aquisição à Rússia (mais de 4,4 milhões de dólares em caças, helicópteros, 100 mil espingardas kalashnikovs, etc.).

Hoje (26) Chávez assiste com Dimtri Medvedev em Orenburgo, ao maior exercício militar desde a era soviética, com aviões e blindados a disparar mísseis, em mais uma demonstração do "imortal" poderio bélico russo. Poder que o governo se prepara para reforçar com mais 27% de dotação orçamental para 2009, atingindo os 95 biliões de dólares!.

À Venezuela, após operações realizadas por Bombardeiros estratégicos (aviões supersónicos Tu-160), estão agora a caminho o cruzador nuclear "Pedro, o Grande" o principal navio da Frota do Norte e o navio anti-submarino "Almirante Chabanenko", entre outros, para participar em manobras militares conjuntas a decorrer entre 10 e 14 de Novembro.

Na área do Petróleo, as relações são igualmente agressivas.
Rússia e Venezuela assinam a criação do maior consórcio do planeta entre a petrolífera Petroleos de Venezuela SA e as maiores petrolíferas russas incluíndo a poderosa Gazprom.
O consórcio destina-se a operar na exploração de petrolíferos venezuelanos já a partir de Outubro e inclúi a construção de uma refinaria de 6,5 biliões de dólares.

Prevê-se ser igualmente assinado um acordo para instituir um Banco conjunto entre as duas nações.

Apesar dos avanços diplomáticos desta aliança, Putin afirma que ainda irá prestar mais e mais atenção à América Latina e a estes vectores de política externa.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Portugal no Caminho das Estrelas.









Foi no passado dia 15 de Setembro, que a empresa Caminho das Estrelas, Turismo Espacial, S.A. teve formalmente inaugurada a sua futurística sede no Porto, Rua Aristides Sousa Mendes, 225, 1º, A1, (edifício Duparque na Avenida da Boavista), frente ao Parque da Cidade, com a presença do bilionário Sir Richard Branson, presidente do grupo Virgin.

Mário Ferreira (o primeiro turista espacial nacional) é o Presidente desta nova empresa portuguesa que representa em exclusivo em Portugal a Virgin Galactic dos voos espaciais. A Caminho das Estrelas foi reconhecida como sendo a primeira empresa europeia especializado no turismo espacial.

Não basta o simples facto da empresa Caminho das Estrelas, Turismo Espacial, S.A fornecer viagens de 150 mil Euros ao espaço, voos em gravidade zero, experiências e visitas aos locais de maior interesse espacial, esta empresa foi distinguida pela própria Virgin Galactic a nível mundial como empresa modelo e “case study” na área do turismo espacial.
Foi também nesta empresa que a Virgin confiou a formação de 10 agentes internacionais.


Sir Richard Branson: "Dentro de três ou quatro anos poderemos pensar sobre uma estação espacial aqui em Portugal ".
O bilionário inglês é dono de mais de 200 empresas e de uma fortuna superior a 2 mil milhões de euros.
Para além do turismo espacial, Branson está determinado na protecção do planeta. Não só investe todo o lucro das suas empresas em investigação sobre energias renováveis como por exemplo, oferece 18 milhões de euros ao cientista que, no espaço de 10 anos, consiga extrair determinados tipos de gases de efeito de estufa da atmosfera.

À semelhança do que está a ser feito no Novo México (EUA), o empresário admite vir a investir em Portugal, na construção de uma estação espacial. "Dentro de três ou quatro anos poderemos pensar sobre uma estação espacial aqui em Portugal", disse Richard Branson, que falava das possibilidades de investimentos em Portugal.
"Tivemos já algumas conversas, abordagens sobre o assunto", disse, confirmando que já tratou do tema com investidores e autoridades portuguesas.

Richard Branson disse "ter a certeza de que haverá outras coisas para fazer aqui", embora seja um mercado que conhece mal. Uma das apostas pode ser nas energias renováveis, área em que se mostrou agradavelmente surpreendido com o que está a ser feito.
Outro dos negócios é o dos ginásios. "Queremos que toda a gente em Portugal seja saudável", disse Branson, que apresentou os planos de expansão da rede "Virgin Active". Depois da estreia no Porto: nos próximos dois anos, vão abrir pelo menos três novos espaços em Gaia, Oeiras e Sintra, mas há mais ginásios previstos para as áreas urbanas do Porto e de Lisboa.


O Ministro Manuel Pinho.
O assunto surpreendeu o Ministro Português da Economia, que no mesmo dia inaugurara a maior central solar térmica nacional e a maior da europa com valência refrigeradora (instalada no edifício sede da Caixa Geral de Depósitos).

"É uma total novidade para mim", afirmou Pinho, acrescentando que isso mostra que Richard Branson vê Portugal como "um país com potencialidades".


Esperemos que o mesmo ministro que se surpreende com a qualidade do calçado português tenha a inteligência de acarinhar quer esta empresa e suas ligações quer os potenciais interesses do magnata britânico.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O "10 de Setembro"!

A partícula de Deus, ou a fórmula Universal...

É o que os cientistas do CERN esperam encontrar com a activação do LHC já esta Quarta-feira.

No DN:
"Acelerador prepara experiência mais complexa

A maior e mais dispendiosa máquina científica do mundo "não representa qualquer perigo para a humanidade", conclui um relatório ontem divulgado pelos físicos do CERN (Centro Europeu de Investigação Nuclear, na sigla francesa).

Esta nova avaliação do Large Hadron Collider (LHC, o maior acelerador de partículas mundial) deverá silen
ciar de vez a tentativa de travar a mais complexa experiência científica de sempre, prevista para decorrer a partir de quarta-feira e cujos preparativos deverão começar ainda este fim-de-semana.

O objecti
vo da máquina é encontrar a menor partícula, base da matéria, o bosão de Higgs, também chamada "partícula de Deus", cuja existência a teoria prevê há 40 anos.

Um grupo tentou parar a experiência, alegando que se formarão buraco
s negros minúsculos e que estes vão engolir o planeta. O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos rejeitou uma providência cautelar, no final de Agosto, e este novo relatório explica que as experiências no LHC se baseiam em testes feitos nos aceleradores mais pequenos. A energia libertada na colisão de dois protões será idêntica à de dois mosquitos em colisão e que os buracos negros que se formarem serão diminutos, não havendo paralelo na natureza.

"Se as partículas em colisão no LHC tivessem o poder de destruir a Terra, nós não existíamos", conclui o painel de físicos do CERN, em resposta à preocupação do grupo que se reuniu em torno do teórico alemão Otto Rössler, o homem que deu a cara pela paragem da máquina.

Rössler representava a crítica mais articulada, mas há observadores para quem o LHC tem aspecto de máquina do fim dos tempos, algo saído da ficção científica ou da imaginação de Dan Brown, escritor que tem, aliás, um romance, Anjos e Demónios, passado no CERN e dedicado a este tipo de maquinaria de colisões entre religião e ciência.

O complexo acelerador custou 2,5 mil milhões de euros e o seu anel, enterrado na região de Genebra, na Suíça e França, tem 27 quilómetros. O LHC não estará a funcionar em pleno antes de 2010, e o custo do projecto, onde vão trabalhar 9 mil cientistas, será na realidade mais alto, da ordem de 8 mil milhões de euros, a pagar pelos 20 países que integram o CERN, incluindo Portugal. Para encontrar o bosão de Higgs, feixes de protões serão acelerados a velocidade próxima da luz, colidindo uns com os outros, numa tentativa de replicar as condições existentes após o Big Bang (o universo, tal como o conhecemos, terá sido formado pela explosão da matéria extremamente densa e quente). "


No G1:
"Em busca da unificação

Hoje, o entendimento do mundo físico se assenta sobre dois pilares. De um lado, há a física quântica, base para todo o modelo padrão da física de partículas. De outro lado, há a teoria da relatividade geral, que explica como funciona a gravidade.

Até aí, tudo bem. Temos duas teorias, cada uma regendo o seu próprio domínio de acção, e ambas funcionam muito bem. Qual é o problema? O dilema surge porque há circunstâncias muito especiais no universo que exigem o uso das duas teorias ao mesmo tempo. Aliás, o próprio nascimento do cosmos só pode ser explicado juntando as duas teorias. E aí é que 'a porca torce o rabo': as equações da relatividade e da física quântica não fazem sentidos, quando usadas juntas para resolver um problema. Começam a aparecer cálculos insolúveis e resultados infinitos -- sintomas de que há algo muito errado em uma das duas teorias, ou até em ambas.

Por isso, os cientistas têm uma esperança muito grande de que exista uma teoria maior, mais poderosa, que incluísse tanto o modelo padrão como a relatividade num único conjunto coeso de equações. Só essa nova teoria "de tudo" poderia realmente acabar com os mistérios remanescentes no universo.

... Suas esperanças estarão agora depositadas no LHC. É possível -- mas não muito provável -- que ele atinja um nível de energia suficiente para revelar a existência de novas dimensões, além das três que costumamos interagir no quotidiano.

E, ainda que não chegue lá, o LHC tem boas hipóteses
de produzir objectos que emergem directamente da interacção entre a gravidade e o mundo quântico, como miniburacos negros. "Esses possíveis objectos transcendem a relatividade real. Suas propriedades podem dar informações sobre regimes em que a relatividade geral já não é válida, como por exemplo, o regime da gravitação quântica", diz Alberto Saa, pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).


O acelerador do medo

A imensa maioria dos físicos diz que não haverá perigo algum. "Os possíveis buracos negros são microscópicos", diz Saa. "Uma vez criados, seriam quase imediatamente destruídos, espalhando diversas partículas com padrões muito peculiares. A imagem do buraco negro faminto, devorando impiedosamente tudo ao seu redor, aplica-se apenas aos buracos negros astrofísicos, nunca a buracos negros microscópicos."

Embora os miniburacos negros pareçam ser inofensivos, há uma outra hipótese um pouco mais ameaçadora.

Os vilões dessa vez são chamados de "strangelets". Seriam partículas de um tipo exótico de matéria que não existe normalmente. O problema é que a teoria diz que, se um strangelet conseguisse tocar o núcleo de um átomo convencional, o átomo seria convertido em strangelet. Ou seja, se o LHC produzir strangelets, alguns físicos dizem que eles poderiam interagir com a matéria normal da Terra e iniciar uma reação em cadeia que consumiria o planeta inteiro.

...

A dúvida sobre os perigos do LHC não durará muito. Nesta quarta, ele receberá seu primeiro feixe de protões.

Em breve serão iniciadas as primeiras colisões com objetivos científicos. E aí, ou os rumores sobre a destruição do mundo se mostrarão completamente infundados, ou ninguém estará aqui para dizer que tinha razão..."


Edição de 23 de Setembro:

A "experiência científica do século como já lhe chamam, vai estar encerrada pelo menos até à próxima primavera. Isto deve-se a uma fuga de uma tonelada de hélio ocorrida no passado dia 19 de Setembro.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

5.º Canal de Televisao - Fim da consulta Pública!


A grande participação, que não houve!...

"Nos termos do Despacho n.º 19184-A/2008, de 16 de Julho, de Sua Exa. o Ministro dos Assuntos Parlamentares, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 137, Suplemento, de 17 de Julho de 2008, que dá cumprimento ao disposto no n.º 10 do artigo 15.º da Lei n.º 27/2007, de 30 de Julho, esteve em consulta pública, até ao passado dia 29 de Agosto de 2008, o projecto de regulamento do concurso público para o licenciamento de um serviço de programas televisivo de acesso não condicionado livre (canal de televisão generalista em sinal aberto). O concurso público em apreço tem por objecto a atribuição de uma licença para o exercício da actividade de televisão que consista na organização de um serviço de programas de âmbito nacional, generalista, de acesso não condicionado livre e com vinte e quatro horas de emissão diária, utilizando espaço hertziano destinado à radiodifusão televisiva digital terrestre..."


Esta é a mensagem da GMCS (Gabinete para os meios de comunicação social) na qual apresenta os contributos recebidos no âmbito do respectivo processo de consulta pública.


Consulte a página de consulta pública para o 5.º canal (com
os contributos) aqui.

Após ter prestado um humilde contributo neste processo, expectante acerca da divulgação da participação do público, qual não foi o espanto quando me surgem as tímidas participações das principais entidades interessadas, e de três populares apenas!

Posto isto, há que reflectir:

Se numa época em que a influência da caixa mágica atinge todos os graus da consciência das pessoas...
Se num país onde se pretende acrescentar um aos 3 canais que controlam (e reflectem) a mentalidade, a opinião e a vontade dos seus cidadãos...

Se num assunto (conteúdo e impacto televisivo) que tanto se debate, se critica e inconscientemente inspira...

Como é possível haver tão pouco interesse e tão pouca participação?
Apesar de reconhecer alguma responsabilidade ao desinteresse generalizado sobre as discussões públicas, é também verdade que a publicitação deste processo deixou muito a desejar.

Certo que uma discussão pública não conseguirá compreender as opiniões de todos, os responsáveis pela abertura do processo devem contudo ser os primeiros a prestar informação e a divulgá-la junto das populações de forma a promover o envolvimento das pessoas nos assuntos que a todos dizem respeito. E muito sinceramente, neste caso, não vi qualquer esforço nesse sentido...


Polémicas irão surgir, quer com a escolha do concorrente vencedor, quer depois com o resultado da implantação do 5.º canal... E foi aqui, nesta fase do processo, em que muito poderia ter sido dito com efeito institucional...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

'O pesadelo de Pequim'!

Laurentino Dias apazigua os efeitos de Vicente Moura...

A televisão mostra o desalento dos atletas e a desilusão dos esperançados. Mas será tudo um simples desaire desportivo do povo do "quase lá"?...

A atitude de Vicente Moura, Presidente do POC:
Desapontado com a prestação de Naide Gomes e Insaciado do apetite das medalhas, Vicente Moura confidenciou o fim da sua carreira à frente do Comité Olímpico de
Portugal (COP), a 5 dias do final dos Jogos de Pequim 2008.

“No futebol o que às vezes se diz é que matematicamente ainda é possível”, limitou-se a afirmar, adiantando que tem previsto dar uma conferência de imprensa no último dia dos Jogos, 24 de Agosto, na qual falará “de tudo o que está para trás, de Pequim2008 e do futuro”.

Certo é que já em Maio, em Santo Tirso, o presidente do POC tinha admitido o cenário de abandono caso a missão portuguesa em Pequim não cumprisse os objectivos traçados:
"Se não formos capazes, peço desculpa. Vou para casa, onde tenho umas pantufas confortáveis à minha espera".

Vicente Moura considerou que este é o «momento certo» para a sua saída do cargo e dar lugar a outras pessoas.
"Não sei se é preciso uma lufada de ar fresco. Estou é cansado. Fiz o que podia fazer. Sinto-me de consciência tranquila e agora quando chegar a Portugal vou de férias e vou preparar as eleições e entrego às federações o futuro do Comité Olímpico".

"Quando apresentei o plano ao Governo e pedi um determinado apoio financeiro dizia que se esse apoio financeiro fosse dado perseguiríamos os objectivos de três/quatro medalhas e 60 pontos. Parece que vai ser difícil cumprir esses objectivos".

Sobre os objectivos traçados, Vicente Moura recordou que Portugal somou 43 pontos nos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, e que lhe pareceu que com mais duas modalidades e mais atletas, seria possível chegar aos 60 pontos.

"Não me queixo de ninguém nem de nada. Queixo-me apenas de que aqui faltou uma ponta de sorte".

Reacções:

Manuel Silvério, Presidente da Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa, reagiu nobremente considerando a sua saída uma “perda” para o desporto...
Uma declaração políticamente correcta ou não fosse Vicente Moura,
além de dirigente do Comité Olímpico Português, dirigente da estrutura da organização dos segundos Jogos da Lusofonia, que terão lugar em Lisboa em 2009, por ventura uma competição mais aliciante?...

Laurentino Dias, Secretário de Estado do Desporto sustenta que é tempo de apoiar os atletas que ainda vão competir, para tentar que o saldo da participação portuguesa possa ainda melhorar até ao final dos Jogos, no próximo domingo. O voto de silêncio e de confiança, pelo menos enquanto durar a prova, diz Laurentino Dias, é "em honra da solidariedade que nos merece uma campeã chamada Naide Gomes, que hoje teve o seu dia pior, e um campeão chamado Nelson Évora, que daqui a dois dias vai competir para procurar aquilo que nós desejamos, que é uma medalha."

Laurentino Dias aproveitou para sublinhar que "esta Missão olímpica foi, talvez, a mais bem preparada e apoiada de sempre", reconhecendo, ainda assim, que isso "não significa que tenha de ter os melhores resultados de sempre".

A culpa de Vicente Moura.

Tivesse Vicente Moura parte do tino de Laurentino, e nunca teria posto a pressão que foi posta nos atletas, diga-se: a maior de sempre!. Além disso nunca teria proferido as declarações Scolarescas que proferiu, como que abandonando os atletas ainda em prova nas competições

Voltanto à previsão de Vicente Moura, o facto de em Antenas 2004 ter corrido bem, e agora em 2008 termos mais modalidades inscritas não é garantia alguma de melhores resultados!

O Sr. Vicente pode ter querido prometer as 4 medalhas e 60 pontos em ordem a conseguir o maior apoio financeiro alguma vez concedido para o COP - jogos olímpicos...

Mas foi desde aí que os 78 atletas começaram a se ver presos a uma pressão crescente, que teve o seu auge nestas duas terríveis semanas de Agosto.

Haverá portugueses que pensam que os jogos olímpicos são como um europeu de futebol em que os craques teem que ganhar, mas a verdade é que milhões de atletas vêm o seu sonho realizado só por conseguir um último lugar numa competição olímpica!

Foi em Vicente Moura que a pressão começou mas ao abandonar o barco, não a leva com ele. Foi ele o responsável pelo POC, o responsável pelos bons e maus resultados, e com a sua atitude de jogar a toalha ao chão a meio da competição, desampara atletas como Nelson Évora, um outro campeão mesmo sem medalhas chinesas...


Vamos a contas:
14 milhões de Euros foi a verba disponibilizada oficialmente para financiar o projecto Pequim 2008, que engloba os anos de 2005/06/07 e ainda os primeiros 8 meses de 2008, revertindo-se numa comitiva de 78 atletas.
16 milhões de patacas (+-1,3M€) foi o subsídio da fundação Macau para proporcionar a passagem da tocha olímpica por Macau, valor polémico cujas explicações ainda não convenceram os cépticos.
16,8 milhões de Euros fixou, ainda antes do início destes jogos, o Comité Olímpico de Portugal em proposta de orçamento para os próximos quatro anos (inscrita no Projecto de Preparação Olímpica Londres2012, bem como na evolução das esperanças olímpicas para os Jogos de 2016).

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Infestação na costa algarvia!...

O fruto proibido...

Já não bastavam as massagens maquiavélicas e o kite e windsurf terroristas... agora temos a fruta assassina, e uns prevaricadores que falam mal da obesidade...!

Proíbem-se a prática de desportos náuticos, inclusive olímpicos, não haja a eventualidade de haver incidentes... Isto até não é totalmente absurdo uma vez que em portugal, os desportos náuticos são considerados desportos marginais...
Mas o que sucede realmente quando se tenta oferecer fruta aos banhistas do Algarve?


À poucos dias, a campanha 'Roadshow Praias em Movimento - Energia Positiva', da Direcção-Geral da Saúde e da Galp, com distribuição gratuita de pêras, foi chumbada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve. O objectivo, segundo os promotores, era divulgar o combate à obesidade. Segundo a CCDR era apenas fazer publicidade.

Uma outra campanha, a cargo da Fundação Portuguesa de Cardiologia e da Associação de Produtores de Maça de Alcobaça pretendia distribuir as maçãs gratuitamente, como o fez em 2007 nas praias entre Aveiro e Lisboa.
O comandante da zona marítima do Algarve, Reis Águas, considera que a iniciativa não passa de publicidade...
O presidente da Associação de Produtores, Jorge Soares, defendeu-se, dizendo que o objectivo da acção, um projecto em parceria com a Comissão Europeia e o ministério da agricultura, era o de sensibilizar para os benefícios de comer maçãs e assim combater a obesidade. Algumas capitanias proibiram mesmo a distribuição deste fruto, alegando tratar-se de publicidade que sujaria as praias...

A Associação de Produtor
es conseguiu chegar a acordo com algumas capitanias, e a distribuição vai ser feita apenas das maçãs, e não da brochura onde é apresentado o resultado de um estudo sobre o fruto. O Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Manuel Carrageta, não consegue entender tal proibição...

No entanto um porta-voz da Marinha comunicou que o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Vilamoura-Vila Real de Santo António proíbe todas as actividades de marketing e publicidade nas áreas concessionadas.

Pergunta o cidadão: "Serão os perigos nefastos de ter os logótipos dos patrocinadores nos folhetos de campanha, tão graves ao ponto de justificarem estas medidas avulsas?".


"Massagens são risco para a saúde pública."

Neste tema as coisas são ainda mais caricatas...
Qual é a legislação e regulamentação que regula as massagens e massagistas em Portugal?!

O sindicato esclarece:
Apenas a massagem estética está regulamentada. As restantes formas de massagem podem ser feitas por qualquer um... ...Ao não estar regulamentada não podemos dizer que está legal ou ilegal. Como em qualquer país em que as coisas não estão regulamentadas, todas as pessoas podem praticar, como é óbvio.

As massagens, não sendo sequer actividade prevista no POOC, é actualmente licenciada ou indeferida pelas CCDRs e capitanias (ora quem melhor para definir aptidões à prática comercial das massagens sob pena das inaptas serem perigosas para a saúde pública do que organismos fora da direcção regional de saúde?!).

Trata-se portanto se uma actividade da qual certos senhores se apoderaram, saíndo beneficiários os grandes concessionários por motivos mais ou menos honrosos...

Ridículo não é?... Achamos (quase) todos...

Com estes destaques da época balnear algarvia, não será natural duvidar se
o mesmo tipo de autoridade que combate agressivamente marcas do povo da região, como a tradição (secular) do Banho 29... é o tipo de autoridade que queremos para nos fornecer a segurança e o conforto que carenciamos para a nossa costa?


*Nota: No dia 07 de Setembro, dia da cidade de Faro, o Primeiro Ministro José Sócrates vai ser medalha de ouro da cidade de Faro, em sessão pública.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A DESpromoção do ensino do português no estrangeiro



Dias depois da Guiné Equatorial adicionar o Português como uma das suas línguas oficiais, o Governo Português lembrou-se...

Lembrou-se, esperamos nós. Pois no passado dia 16 de Julho, em Conselho de Ministros, o governo anunciou uma nova estratégia para a promoção e divulgação da língua portuguesa sem qualquer referência ao caso da guiné equatorial (pode consultar o comunicado na íntegra aqui).

Ora já desde cedo que o governo actual afirma como prioridade, o ensino do português no estrangeiro, direccionada sobretudo às comunidades de emigrantes.

Português é o terceiro idioma mais falado na África e Europa Mais de 240 milhões de falantes da língua portuguesa no Mundo justificam a aposta do Governo. Distribuída pelos cinco continentes, a língua portuguesa é a terceira mais falada nos continentes africano e europeu. Além da população residente em cada um dos oito países de língua oficial portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, mais de cinco milhões de pessoas constituem as comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo. O português surge entre o quinto e o sétimo lugar das línguas com maior número de falantes, mas na Internet a sua importância é mais facilmente avaliada, estando em sétimo.

Objectivamente, criar-se-á um novo fundo no valor inicial de 30 milhões de euros, destinado a suportar ensino na Europa e África do Sul.

Ora aí está uma intenção governamental que seria de aplaudir.. ou não?
Talvez. Mas é preciso repreendê-lo! A actual publicidade à preocupação do governo é resultado de um total alheamento dos últimos anos sobre este tema que muito respeita a identidade lusa!

Um governo que após tantos alertas por parte das comunidades e intervenientes, e no mesmo tempo, tanto atitudes de abandono demonstra, deve ser alvo de repúdio enquanto não mostrar redenção efectiva destes erros.

O governo prova ser um falhanço quanto tenta ser a locomotiva da promoção do português, e o foco sazonal nesta ou naquela comunidade desprovido de motivos imperativos, condena todo um globo de potencial!

Veja-se:

1. No Orçamento...
Governo aposta no português mas diminui verbas. Em Novembro, o secretário de Estado Adjunto da Educação, Jorge Pedreira, fez saber que o número de alunos abrangidos pelo EPE aumentou de 61 mil, em 2005, para 64 mil. A contrastar, a proposta de Orça-mento de Estado para 2008, apresentada no Parlamento um mês antes, indicava que a verba para o EPE iria sofrer uma redução de 1,6 por cento, apesar de o ensino de português no estrangeiro ser uma prioridade.


Ou seja, como o número de interessados sobe, justifica apoiar menos (não vá o número de falantes aumentar, Deus livre!)... que boas estratégias para a lusofonia...
Para exemplificar o decréscimo no investimento do EPE- Ensino do Português no Estrangeiro, a responsável afirma que,
em 2003, existiam 1345 professores de português na Alemanha e agora existem 886.


2. Nas queixas...

EUA:
Dos Estados Unidos surgiram vozes críticas com o conselheiro das Comunidades Portuguesas José João Morais a acusar o Governo de desinvestimento naquele país e a lamentar que os cerca de 17 mil alunos de português tenham estado dois anos sem coordenador de português.

"Como é amplamente conhecido, o Governo português não gasta um euro sequer em iniciativas de apoio ao ensino da nossa língua em todo este país há mais de 10 anos", disse o conselheiro, acrescentando que "quem suporta o ensino são os pais, as associações, as igrejas e alguns mecenas".

Em 2006, no final do ano lectivo, os cerca de 200 professores de português das 67 escolas comunitárias portuguesas nos Estados Unidos terminaram as aulas com queixas de "abandono" por parte do Governo português e de falta de um Coordenador de Ensino.

"Somos como uns filhos órfãos que andamos à deriva e só sobrevivemos porque nos ajudamos uns aos outros conforme podemos", disse João Coelho, director da escola Portuguese United for Education de New Bedford, estado de Massachusetts.

Judite Fernandes, directora da escola Infante D. Henrique, de Mount Vernon, Nova Iorque, já se habituou a "sobreviver sem o apoio de Portugal", mas disse que custa a aceitar o "abandono completo".

No Cana:

Surgiram queixas da falta de apoios, quer financeiros, quer em livros, do Governo português.

A falta de professores e de orientações do programa curricular foram outras das queixas provenientes daquele país.

Na Alemanha:

Em Abril passado, na Alemanha, quando mais de 700 portugueses desfilaram, pela segunda vez em menos de um ano, em Estugarda e em Frankfurt, em defesa da estabilidade na colocação de professores de português.

A falta de professores em algumas localidades daquelas regiões deixou cerca de 250 crianças sem aulas de português no último ano.

Na Suiça:

Onde existem cerca de 15 mil alunos e 140 professores colocados pelo Ministério da Educação, também surgem ecos de que o EPE não está a funcionar bem devido à falta de meios humanos.

No Reino Unido:

O Grupo de Pais Portugueses de Lambeth, em Londres, chegou a pedir a exoneração do coordenador do Ensino de Português no Reino Unido, Lino Pascoal, que considera responsável por "problemas graves", como os atrasos do início das aulas.

Apesar das recorrentes queixas ao EPE feitas por pais e professores, o número de alunos de português no estrangeiro está a aumentar.


Mais uma vez, temos mais pessoas a querer aprender português... e cada vez menos apoio político.



A actual projecção do ensinamento da língua portuguesa encontra-se literalmente a cargo das associações das populações de emigrantes e outras, para as quais o governo português tanto é facilitador quanto estorvador.

Mais do que os recursos em si, a política tem que ser simples! Para cada comunidade o governo tem que deixar claro, ou apoia ou não apoia. Não pode é deixar a espectativa atrasar a iniciativa daqueles que por sua conta promovem o ensino.

E, uma vez ciente que às mãos do associativismo local a promoção da língua portuguesa ensinada, o governo, melhor que políticas de ideais populistas mas de princípios limitados, o que ele deve promover é uma estrutura acessível à qual todos os interessados possam aceder. Uma estrutura apta a disponibilizar material didáctico, profissionais e mesmo programas.
É melhor a estrutura que se abre a um todo, do que aquela que se fecha esgotando-se em 3 ou 4 comunidades.

Estando as comunidades livres de actuar, em igualdade de circunstâncias e fora de falsas expectativas, elas próprias mesmo sozinhas, proporcionarão a proliferação da aprendizagem.

Com a liberdade dada às associações em geral, o apoio do estado em termos de programas de "reabilitação" do ensino, poder-se-ia assim focar nas comunidades mais sensíveis e mais propensas ao abandono total da língua...

As comunidades não podem ser encaradas como projectos, nos quais são os homens do governo que determinam os PIN, em detrimento dos restantes. A política tem que ser coerente, a estratégia tem que ser global, e o objectivo tem que ser preciso: apoiar transparentemente o português e as comunidades!

Destaques pós artigo:
Dias 30 de Julho a 01 de Agosto: Convenção Mundial das Comunidades Portuguesas em Santa Maria da Feira. Ler mais...