segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O dilema do Eco-turismo para um Algarve assimétrico em desertificação

Uma chamada de atenção para algo que não tem sido equacionado...

É hoje veemente reconhecida por muitos inclusive a RTA que o Eco-turismo (que engloba o de natureza, o rural, o equestre, observação de aves, etc.) para além de um mercado em grande expansão é o embrião do turismo sustentável.
(mapa que ilustra bem os 80% do território algarvio desumanizado....)

Numa Europa em que o Golfe é responsável por 2 milhões de viagens turísticas e que o Eco-turismo é responsável por 20 milhões, o Algarve não deve continuar com vistas curtas.
Embora o Algarve precise cada vez mais de diversificar a sua economia para combater os efeitos da monocultura do turismo, a indústria turística da região tem como único futuro possível passar pela potenciação do eco-turismo.

Sustentabilidade, eco-turismo, tudo palavras elegantes que muitos gostam de regurgitar mas...
Como?
Como estimular e suportar a indústria do ecoturismo?

Eis algumas medidas que Governo não promove e os Algarvios não exigem:
- Abrir cursos superiores próprios (uma licenciatura de eco-turismo em Coimbra não chega!);
- O turismo rural deve passar da dependência do Ministério da Agricultura para o Ministério do Turismo e Comércio;
- Formar os proprietários/exploradores de empreendimentos de turismo rural;
- Criar uma plataforma nacional de reservas turísticas de varias complementaridades e fácil acesso ao potencial turista;
- Promoção do associativismo entre empresários do sector;
- No Turismo Equestre faz falta haver nos percursos unidades de alojamento para o cavaleiro e para o cavalo;
- Os centros hípicos devem ser uma empresa que desenvolva não só o turismo equestre mas também a competição de modo a cada centro poder promover o turismo a cavalo e o turismo do cavalo. Para tal muito contribui a organização de feiras e competições que promovam e valorizem o cavalo lusitano;
- Patrocinar o surgimento de operadores de eco-turismo em Portugal;

Mas ainda mais importante que estas medidas potenciadoras, é preciso ter em conta que:
Não há turismo rural sem ruralidade;
Não há turismo equestre sem explorações equestres;
E não há turismo de Natureza sem pessoas!

Se houver vontade política, haverá novas condições para dinamizar uma nova indústria do turismo que corrija alguma assimetria económica na região.

Mas há um senão...


O impacto Sócio-cultural.
Ser "eco" não pode justificar qualquer investimento em qualquer lugar.
Se não for cuidado, a massificação de uma indústria eco-turística nas zonas de menor densidade pode ter o efeito perverso de descaracterizar a própria etnografia dos locais, levando a um patamar de desumanização mais grave do que o actual.
A perca cultural que pode advir não tem sido estudada. E não se trata somente de capacidades de carga. As culturas locais têm que ser estudadas para evitar choques. Conta, peso e medida, investimento certo no local certo. É preciso nunca desrespeitar os valores algarvios.

Existe portanto um certo risco de que o eco-turismo hoje chamado de vector de sustentabilidade se revele a prazo como um suicídio regional de um Algarve que e caracterizado pela sua riqueza em património natural, edificado e também cultural.

Não queremos certamente replicar os erros da costa massificada para o interior.
Não queremos fazer às populações rurais o que se tem feito aos pescadores.

Por isso a questão de futuro é:
Quando toda a preocupação e estratégias turísticas focam o económico, seremos nós capazes de estudar e actuar preventivamente para que os efeitos nocivos que a proliferação de turistas para o interior possa provocar na cultura das populações nativas e no futuro da região?

Tenhamos todos nós isso em conta.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Os hidrocarbonetos e os fantoches...

A lei do Petróleo continua a vigorar e a reger a economia Mundial.
Hoje, no dia em que o barril volta a ultrapassar os 72 dólares é feito forte artigo no Jornal "The independent" com novo alerta para a "catástrofe eminente" da escassez do petróleo.

A dramatização é a mesma de sempre, enfocando que a procura aumenta incontrolavelmente e que a oferta diminui...

Isto tem um nome - ESPECULAÇÃO.
A verdadeira ciência comprova que a escassez natural dos hidrocarbonetos no curto prazo é um mito, e que serve o próprio petróleo e suas potências e não o ideal ambientalista.
A escassez é deliberada pela especulação e medidas concertadas e o petróleo só sairá de mercado quando deixar de ser rentável.

Quando um sistema funciona por especulação a lei da oferta e procura não é lei mas sim uma ferramenta manipulada e desiquilibrada.

O sistema da economia petrolífera funciona pela contradição:
Enquanto que as grandes petrolíferas afirmam a sua prosperidade defendendo que há petróleo suficiente para as próximas décadas e com grandes reservas por explorar, a especulação chega até nós através de entidades "isentas".
Deste modo é garantido o superior interesse comercial das petrolíferas: A confiança dos accionistas mantém-se ao mesmo tempo que é justificado o aumento do preço por barril.

Analisemos os contras desta situação.
Os problemas ambientais são "alertados" e as energias alternativas são estimuladas. A indústria dos hidrocarbonetos cresce e a respectiva economia prevalece "saudável".

O problema é que apesar de aparentemente este esquema resultar para todos os intervenientes, é sacrificada a dignidade humana.
Esta continuada manipulação natural vinga sob perda da verdade e de honestas intenções.
E assim meia dúzia de lobos fazem dos cordeiros, os bobos...

Os valores democráticos também são afectados na medida em que os governos são cúmplices enquanto burocratas administrativos que relegam o ideal humano abaixo da mera gestão económica.
E as pessoas, marionetas, continuam sem opinião nem poder...

Não esqueçamos ainda que a factura da balança comercial do negócio dos hidrocarbonetos continua privilegiando os Estados Unidos, Rússia e China, em detrimento sobretudo da Europa e África, zonas exploradas, de líderes viciados ao lobbie para nos apaziguar enquanto fantoches que somos...