sexta-feira, 12 de junho de 2009

A ignorada terceira via...

O problema económico surge porque os recursos das pessoas (e dos governos) são escassos enquanto que os desejos humanos são ilimitados.

Há recursos que não são escassos, os chamados bens livres. Mas a água por exemplo é cada vez menos livre e o próprio ar fresco que respiramos e que abunda de tal forma que o consideramos um bem livre pode tornar-se escasso com o aumento de contaminantes.

A escolha económica é decidir entre diferentes usos de recursos escassos.

Os dois principais sistemas económicos são a economia planificada (ou centralizada) que é a qual em que todas as decisões económicas são tomadas pelo governo. O governo decide o que produzir, como produzir e como ser distribuído aos consumidores, envolvendo um elevado nível de planeamento.
A Economia planificada tende a ser utilizada por governos que tencionam criar equidade entre consumidores. Pelo planeamento do estado, bens e serviços podem ser produzidos para satisfazer as necessidades de todos os cidadãos de um país e não de apenas dos que têm dinheiro para os adquirir.

Temos também a economia de mercado que é a qual em que as decisões são tomadas através do sistema de mercado - as forças da oferta e procura, sem interferência do governo a determinar como os recursos são distribuídos.
Neste sistema o que é produzido é definido pela capacidade de lucro de um determinado produto. A forma de organizar a forma de produzir é igualmente determinada pelo que é mais lucrativo. As empresas são encorajadas através do sistema de mercado a adoptar os mais eficientes métodos de produção. A produção é feita para quem tiver poder de compra para ela. Consumidores sem dinheiro não podem comprar nada.

A pobreza e a riqueza na economia vivem flutuando sobre os níveis de escassez e de abundância.
E sendo a escassez a ferramenta útil do lucro, a abundância nunca é promovida ou deliberada pelos mecanismos económicos.

O crescimento económico não é sinónimo de qualidade de vida. Por todo o mundo há cada vez mais pobres e mais fome e nem por isso há mais ricos ou mais justiça.

O Mundo vive num feudalismo misto de entre estes dois modelos, mas há uma terceira via, cada vez mais ignorada e preterida em função dos anteriores:
Economia de subsistência é a do pequeno comércio e pouca especialização. As pessoas tendem a viver em grupos familiares e esses grupos produzem a maioria da sua comida, erguem as suas próprias casas, etc. Em que no limite, os grupos são auto-suficientes. É uma economia tradicional porque é o tipo de economia que tem existido por todo o mundo desde que o homem começou a sua actividade económica.
O quê, como e para quem produzir são decisões que são tomadas ao olhar para o passado. Se uma sociedade conseguiu sobreviver por algum tempo, então o que foi feito no passado teve de ser bem sucedido.
Não existem duas economias tradicionais iguais pelo que neste sistema é portanto impossível de descrever mecanismos económicos pelos quais os recursos são distribuídos. Aqui a ciência global aproxima-se da filosofia da liberdade individual…

Ignorá-la é continuar a votar na insustentabilidade…

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Espírito Soberano, faz de conta.

Aproxima-se um tal de 10 de Junho, onde se celebra não se sabe bem o quê. Um país por cumprir dizem alguns... Toda uma identidade digo eu...

Fora de nacionalismos ingénuos, desperto a consciência para um conceito usado e abusado por todos os pensantes, opinadores e manipuladores de intenções - a soberania.

Falar de soberania de um país é falar de independência, autodeterminação e poder de um povo (se houver regime democrático).
Ninguém ousa afirmar que Portugal não é soberano. O autoritarismo necessita invocar a soberania mantida para justificar a luta contra os que a ela atentam. Por seu lado o anarquismo não consegue defender a ausência de autoridades para algo que não seja autónomo.

Sem soberania Portugal não seria mais que uns limites geográficos. A soberania quer-se porque ninguém abdica de ter uma identidade, um carácter, uma origem e um destino.

Mas até que ponto Portugal é soberano?
Não falemos do "quero posso e mando" que já nada tem que ver com soberania, apenas com orgulho.
O estado obedece à lei?
A lei obedece à constituição?
A constituição obedece ao povo?
Quanto valem as regras?...


Portugal pertence ao Mundo como o Mundo pertence a Portugal. As fronteiras, o mar ou o espaço aéreo não podem ser grades de uma cela. Privar o Mundo de Portugal é aprisionarmo-nos num caixão esperando a morte.
Na nação como na vida, é essencial h
aver pensamento soberano e culto de soberania quer individual quer colectivo. Sem vontade soberana não existe personalidade.

Entidades internacionais ditarem regras a um país não é forçosa perca de soberania. Mas depender dessas regras externas para que as autoridades portuguesas se exerçam, de facto não abona.

Vivemos num país que não depende dele próprio mas de outras soberanias de nações. Pior, de interesses.
Metade dos alimentos que Portugal necessita só satisfazem Portugal porque há outras soberanias que o permitem.
O mesmo sucede com 80% da energia, 80% das nossas políticas, 99% da nossa autodeterminação...
Pescamos nas nossas águas o que outros nos deixam pescar e cultivamos na nossa terra o que outros nos deixam cultivar.

Soberano?
Não. Em boa verdade nem as convicções o são. Nem mesmo a força para todas as acções, para todo o nobre valor - a imperatriz coragem, o é.
Nós aprendemos tão-somente o que outros nos querem ensinar.
Pensamos o que outros nos impingem.
Vestimo-nos e comportamo-nos como o olho social nos quer ver.

Soberania é uma miragem de oásis para quem vagueia num deserto sedento. Um chamariz que nos move no nosso percurso de vida. O contra-balanço do esquecimento.

Faz falta mais independência, primeiro de espírito, depois do corpo.
Entretanto, haja saber viver no meio-termo porque todo o extremo é apenas uma referência.