segunda-feira, 16 de março de 2009

Informação no novo milénio.

A par do conhecimento, a informação é a arma mais importante de sempre.
Sempre o será, já Sun Tzu o declarava à 2500 anos.

A informação é a maior ferramenta de manipulação das opiniões.

Ela é usada em função do interesse, quer este seja em prol de uma estratégia nacional, política ou pessoal.
As pessoas sempre usaram da informação para jogar estragemas. Isto constata-se em guerras, concorrência económica e política, não olvidando o interesse pessoal de cada indivíduo.

Quanto maior é o acesso à informação, maior é a importância da habilidade que se têm com ela. Se uma sociedade for muito ignorante, uma simples informação pode orientar drásticamente uma mentalidade, uma opinião, uma posição, uma vontade. Quando uma sociedade é já de si mais permeável à informação, é necessário maior destreza para conseguir os objectivos visados.

Nunca a informação foi tão acessível como hoje. Nem nunca a informação foi tão crucial como hoje na orientação política e na salvaguarda de interesses de uma pessoa, de uma empresa, de uma nação.

A realidade em que vivemos hoje é por isso um constante arremesso de informações, orientadas para um determinado objectivo (mesmo que subliminar). Isto não torna as pessoas mais inteligentes por si só, apenas origina maior destaque de posições entre os mais convictos e maior confusão entre os menos convictos.

DESINFORMAÇÃO.
Considera-se desinformação, quando a informação transmitida visa nublar uma opinião alheia, impedindo-a de olhar a realidade como ela é. Cada vez ela é mais frequente, cada vez ela é mais inevitável. Mas toda a desinformação será sempre um obstáculo no caminho pela Verdade.

Que fazer então face a esta desinformação e informação orientada para tudo menos a verdade?
Bom, na verdade pouco haverá a fazer em relação a isso. Como toda a
informação, a desinformação continuará a ser cada vez mais usada como ferramenta da condução de opiniões e valores.

E apesar de hoje, um maior acesso à informação potenciar capacidades humanas, a posição social não dá atributos a este nível. O Homem estárá tão em risco de estar mergulhado em discernimento ilusório quanto maior for a sua aptidão e habilidade de raciocínio.

Assim, a guerra da informação torna-se também, a guerra da razão.

Se por um lado, uma pessoa razoávelmente sensata e racional se julga capaz de discernir boa informação de má informação, uma pessoa menos instruída na capacidade intelectual, com personalidade menos propícia à contestação da informação disponível, se julgará muito mais manipulável.

Aqui a humildade desconfiada vence a arrogância segura. Sempre foi assim desde à milénios atrás, com a diferença de hoje se tratar de outra escala.

A manipulação de uma
notícia não será incorrecto desde que não prejudique a integridade moral de outrém.
Nunca poderemos exigir a todos os humanos, um pensamento completamente imparcial face à divulgação da informação nem devemos nunca renegar/limitar em nenhuma instância, a liberdade de expressão quando ela não prejudica uma integridade.

Tal como uma lei pode ter diferentes interpretações, sendo umas mais razoáveis que outras (e apenas por isso geralmente reconhecidas como as correctas), um acontecimento, uma acção ou uma atitude podem também ter diferentes interpretações.
Não se trata de dois pesos para a mesma medida, mas sim de interpretações inconscientemente ou conscientemente a dirigir a informação.

Informação é uma guerra que tem que ser travada com todas as armas, e idependentemente dos resultados que uma manipulação dela possa trazer, GANHARÁ SEMPRE aquele que foi isento de interesse e especulação deliberada.

É por isso uma questão de consciência. Muitas vezes sem resultados "justos", mas não esqueçamos que o mais importante é a preservação do carácter.

Infelizmente trata-se de uma questão de consciência num mundo de interesses.
Ninguém come e respira consciência tranquila, todos nós temos desejos e necessidades, e por isso não consideramos a consciência tranquila como o valor absoluto e supremo das nossas vidas.

Mas que ela terá o seu valor, não hajam dúvidas!...

quinta-feira, 5 de março de 2009

Proteccionismo, o papão europeu.

Conhecido como teoria em que o estado protege o comércio ou a indústria nacional favorecendo-o em detrimento do livre-comércio, o 'proteccionismo' está em voga.

Rodeado de hipocrisia manipuladora, o termo tem sido nos últimos meses repudiado por responsáveis europeus sob a ameaça do proteccionismo diminuir transacções internacionais e a saúde económica.
É dos países ocidentais que surjem os principais pacotes de medidas de apoio às indústrias nacionais e são os responsáveis dessas nações os que mais apelam à ausência destas medidas nos países terceiros.
Enquanto isto a Europa de Leste vê-se aprisionada pelas limitações seguidas na perspectiva de obter fundos estruturais, cuja atribuição agora sofreu novo revés.

A hipocrisia europeia fervilha de vida neste tema.
A este ritmo egoísta, corremos de olhos vendados para uma Europa de fronteiras encerradas ao exterior.
Parece uma catástrofe humanitária, e é!

Não precisa grandes teses, basta olhar para a evolução ao longo de toda a história.
Desde sempe que são as potências mais civilizadas as que continuam a evoluir social e tecnológicamente mais rapidamente.

Daqui por 100 anos, podemos viver numa europa mais liberal, mais humanista e mais evoluída, mas vamos tristemente continuar a assistir à realidade de nações como um Sudão, um Congo ou qualquer outro país sem condições de digna sobrevivência.

Por isso, sem a presença de uma solidariedade assumida e efectiva, esta irreversível disparidade progressiva entre culturas e nações fará com que as políticas externas de coesão internacional continuem a cair aos pés do proteccionismo.

Esta é uma questão inteiramente ligada à globalização. Ela é inevitável, mas que globalização nos servirá melhor? Uma que divida por classes os países em avançados e atrasados? ou uma globalização em que quanto maior o poder, maior a responsabilidade?

A coesão europeia é uma tentativa que tem tido os seus frutos. Já o mesmo não se pode dizer da coesão mundial. A ONU não passa de uma ideia sem poder e a concorrência entre as sociedades modernas impede que tomem responsabilidade pelas nações mais desfavorecidas.

Não me surpreende que daqui a 100 anos estejamos numa realidade em que assistamos a uma eterna guerra aberta entre as potências com algum nível de avanço e todas as outras que sentindo-se culturalmente distantes, tentam conseguir através do conflito melhores níveis de qualidade de vida.

Não vejo com optimismo este futuro, e com menos optimismo verei se não começar a haver uma emergente preocupação e acção de globalizar matérias chave como a informação e educação.

Infelizmente se constata que a simples evolução é uma conquista pessoal maior e de maior prazer do que a busca pela coesão e solidariedade. E por isso se não abrirmos os olhos, estaremos condenados a um futuro miseravel.

A coesão mundial entre todos os seres humanos só é possível com uma educação disponível para todos. Comparado com isso, o alimentar, financiar ou investir em países pobres é uma esmola temporária que se dá a quem nada tem e nada pode fazer.

Não é com oferta de peixe que se acaba com as fomes. Ensinem o mundo a pescar, se o peixe acabar, ensinem a produzi-lo! Só assim haverá sempre peixe para todos, pescado por todos.