quinta-feira, 5 de março de 2009

Proteccionismo, o papão europeu.

Conhecido como teoria em que o estado protege o comércio ou a indústria nacional favorecendo-o em detrimento do livre-comércio, o 'proteccionismo' está em voga.

Rodeado de hipocrisia manipuladora, o termo tem sido nos últimos meses repudiado por responsáveis europeus sob a ameaça do proteccionismo diminuir transacções internacionais e a saúde económica.
É dos países ocidentais que surjem os principais pacotes de medidas de apoio às indústrias nacionais e são os responsáveis dessas nações os que mais apelam à ausência destas medidas nos países terceiros.
Enquanto isto a Europa de Leste vê-se aprisionada pelas limitações seguidas na perspectiva de obter fundos estruturais, cuja atribuição agora sofreu novo revés.

A hipocrisia europeia fervilha de vida neste tema.
A este ritmo egoísta, corremos de olhos vendados para uma Europa de fronteiras encerradas ao exterior.
Parece uma catástrofe humanitária, e é!

Não precisa grandes teses, basta olhar para a evolução ao longo de toda a história.
Desde sempe que são as potências mais civilizadas as que continuam a evoluir social e tecnológicamente mais rapidamente.

Daqui por 100 anos, podemos viver numa europa mais liberal, mais humanista e mais evoluída, mas vamos tristemente continuar a assistir à realidade de nações como um Sudão, um Congo ou qualquer outro país sem condições de digna sobrevivência.

Por isso, sem a presença de uma solidariedade assumida e efectiva, esta irreversível disparidade progressiva entre culturas e nações fará com que as políticas externas de coesão internacional continuem a cair aos pés do proteccionismo.

Esta é uma questão inteiramente ligada à globalização. Ela é inevitável, mas que globalização nos servirá melhor? Uma que divida por classes os países em avançados e atrasados? ou uma globalização em que quanto maior o poder, maior a responsabilidade?

A coesão europeia é uma tentativa que tem tido os seus frutos. Já o mesmo não se pode dizer da coesão mundial. A ONU não passa de uma ideia sem poder e a concorrência entre as sociedades modernas impede que tomem responsabilidade pelas nações mais desfavorecidas.

Não me surpreende que daqui a 100 anos estejamos numa realidade em que assistamos a uma eterna guerra aberta entre as potências com algum nível de avanço e todas as outras que sentindo-se culturalmente distantes, tentam conseguir através do conflito melhores níveis de qualidade de vida.

Não vejo com optimismo este futuro, e com menos optimismo verei se não começar a haver uma emergente preocupação e acção de globalizar matérias chave como a informação e educação.

Infelizmente se constata que a simples evolução é uma conquista pessoal maior e de maior prazer do que a busca pela coesão e solidariedade. E por isso se não abrirmos os olhos, estaremos condenados a um futuro miseravel.

A coesão mundial entre todos os seres humanos só é possível com uma educação disponível para todos. Comparado com isso, o alimentar, financiar ou investir em países pobres é uma esmola temporária que se dá a quem nada tem e nada pode fazer.

Não é com oferta de peixe que se acaba com as fomes. Ensinem o mundo a pescar, se o peixe acabar, ensinem a produzi-lo! Só assim haverá sempre peixe para todos, pescado por todos.

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