sexta-feira, 18 de julho de 2008

A DESpromoção do ensino do português no estrangeiro



Dias depois da Guiné Equatorial adicionar o Português como uma das suas línguas oficiais, o Governo Português lembrou-se...

Lembrou-se, esperamos nós. Pois no passado dia 16 de Julho, em Conselho de Ministros, o governo anunciou uma nova estratégia para a promoção e divulgação da língua portuguesa sem qualquer referência ao caso da guiné equatorial (pode consultar o comunicado na íntegra aqui).

Ora já desde cedo que o governo actual afirma como prioridade, o ensino do português no estrangeiro, direccionada sobretudo às comunidades de emigrantes.

Português é o terceiro idioma mais falado na África e Europa Mais de 240 milhões de falantes da língua portuguesa no Mundo justificam a aposta do Governo. Distribuída pelos cinco continentes, a língua portuguesa é a terceira mais falada nos continentes africano e europeu. Além da população residente em cada um dos oito países de língua oficial portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, mais de cinco milhões de pessoas constituem as comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo. O português surge entre o quinto e o sétimo lugar das línguas com maior número de falantes, mas na Internet a sua importância é mais facilmente avaliada, estando em sétimo.

Objectivamente, criar-se-á um novo fundo no valor inicial de 30 milhões de euros, destinado a suportar ensino na Europa e África do Sul.

Ora aí está uma intenção governamental que seria de aplaudir.. ou não?
Talvez. Mas é preciso repreendê-lo! A actual publicidade à preocupação do governo é resultado de um total alheamento dos últimos anos sobre este tema que muito respeita a identidade lusa!

Um governo que após tantos alertas por parte das comunidades e intervenientes, e no mesmo tempo, tanto atitudes de abandono demonstra, deve ser alvo de repúdio enquanto não mostrar redenção efectiva destes erros.

O governo prova ser um falhanço quanto tenta ser a locomotiva da promoção do português, e o foco sazonal nesta ou naquela comunidade desprovido de motivos imperativos, condena todo um globo de potencial!

Veja-se:

1. No Orçamento...
Governo aposta no português mas diminui verbas. Em Novembro, o secretário de Estado Adjunto da Educação, Jorge Pedreira, fez saber que o número de alunos abrangidos pelo EPE aumentou de 61 mil, em 2005, para 64 mil. A contrastar, a proposta de Orça-mento de Estado para 2008, apresentada no Parlamento um mês antes, indicava que a verba para o EPE iria sofrer uma redução de 1,6 por cento, apesar de o ensino de português no estrangeiro ser uma prioridade.


Ou seja, como o número de interessados sobe, justifica apoiar menos (não vá o número de falantes aumentar, Deus livre!)... que boas estratégias para a lusofonia...
Para exemplificar o decréscimo no investimento do EPE- Ensino do Português no Estrangeiro, a responsável afirma que,
em 2003, existiam 1345 professores de português na Alemanha e agora existem 886.


2. Nas queixas...

EUA:
Dos Estados Unidos surgiram vozes críticas com o conselheiro das Comunidades Portuguesas José João Morais a acusar o Governo de desinvestimento naquele país e a lamentar que os cerca de 17 mil alunos de português tenham estado dois anos sem coordenador de português.

"Como é amplamente conhecido, o Governo português não gasta um euro sequer em iniciativas de apoio ao ensino da nossa língua em todo este país há mais de 10 anos", disse o conselheiro, acrescentando que "quem suporta o ensino são os pais, as associações, as igrejas e alguns mecenas".

Em 2006, no final do ano lectivo, os cerca de 200 professores de português das 67 escolas comunitárias portuguesas nos Estados Unidos terminaram as aulas com queixas de "abandono" por parte do Governo português e de falta de um Coordenador de Ensino.

"Somos como uns filhos órfãos que andamos à deriva e só sobrevivemos porque nos ajudamos uns aos outros conforme podemos", disse João Coelho, director da escola Portuguese United for Education de New Bedford, estado de Massachusetts.

Judite Fernandes, directora da escola Infante D. Henrique, de Mount Vernon, Nova Iorque, já se habituou a "sobreviver sem o apoio de Portugal", mas disse que custa a aceitar o "abandono completo".

No Cana:

Surgiram queixas da falta de apoios, quer financeiros, quer em livros, do Governo português.

A falta de professores e de orientações do programa curricular foram outras das queixas provenientes daquele país.

Na Alemanha:

Em Abril passado, na Alemanha, quando mais de 700 portugueses desfilaram, pela segunda vez em menos de um ano, em Estugarda e em Frankfurt, em defesa da estabilidade na colocação de professores de português.

A falta de professores em algumas localidades daquelas regiões deixou cerca de 250 crianças sem aulas de português no último ano.

Na Suiça:

Onde existem cerca de 15 mil alunos e 140 professores colocados pelo Ministério da Educação, também surgem ecos de que o EPE não está a funcionar bem devido à falta de meios humanos.

No Reino Unido:

O Grupo de Pais Portugueses de Lambeth, em Londres, chegou a pedir a exoneração do coordenador do Ensino de Português no Reino Unido, Lino Pascoal, que considera responsável por "problemas graves", como os atrasos do início das aulas.

Apesar das recorrentes queixas ao EPE feitas por pais e professores, o número de alunos de português no estrangeiro está a aumentar.


Mais uma vez, temos mais pessoas a querer aprender português... e cada vez menos apoio político.



A actual projecção do ensinamento da língua portuguesa encontra-se literalmente a cargo das associações das populações de emigrantes e outras, para as quais o governo português tanto é facilitador quanto estorvador.

Mais do que os recursos em si, a política tem que ser simples! Para cada comunidade o governo tem que deixar claro, ou apoia ou não apoia. Não pode é deixar a espectativa atrasar a iniciativa daqueles que por sua conta promovem o ensino.

E, uma vez ciente que às mãos do associativismo local a promoção da língua portuguesa ensinada, o governo, melhor que políticas de ideais populistas mas de princípios limitados, o que ele deve promover é uma estrutura acessível à qual todos os interessados possam aceder. Uma estrutura apta a disponibilizar material didáctico, profissionais e mesmo programas.
É melhor a estrutura que se abre a um todo, do que aquela que se fecha esgotando-se em 3 ou 4 comunidades.

Estando as comunidades livres de actuar, em igualdade de circunstâncias e fora de falsas expectativas, elas próprias mesmo sozinhas, proporcionarão a proliferação da aprendizagem.

Com a liberdade dada às associações em geral, o apoio do estado em termos de programas de "reabilitação" do ensino, poder-se-ia assim focar nas comunidades mais sensíveis e mais propensas ao abandono total da língua...

As comunidades não podem ser encaradas como projectos, nos quais são os homens do governo que determinam os PIN, em detrimento dos restantes. A política tem que ser coerente, a estratégia tem que ser global, e o objectivo tem que ser preciso: apoiar transparentemente o português e as comunidades!

Destaques pós artigo:
Dias 30 de Julho a 01 de Agosto: Convenção Mundial das Comunidades Portuguesas em Santa Maria da Feira. Ler mais...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Os "segredos" da opção "nuclear" para Portugal


Toda a verdade

Urge dismistificar o panorama contextual da discutida energia nuclear para Portugal.


Sobre se há crise e se é o fim da energia barata, não há que discutir mais. A grande dependência dos combustíveis fósseis produz a condicionante crucial ao nosso crescimento económico, ou falta dele.
Feitas as contas, Portugal que agora se pavoneia com os 45% da energia produzida ser gerada por renováveis, dissimula que esses 45% não chegam a ser 10% da energia consumida!

Portugal importa mais de 80% das suas necessidades energéticas. Entre 2000 e 2005, essa importação ultrapassava os 90%, maioritariamente petróleo (70%) e gás natural (20%).

Também em 2005, segundo o Eurostat, a taxa de dependência energética média da União Europeia (25 países) atingia os 56,2%, enquanto em Portugal alcançava 99,4%!
Mas como é que neste paradigma, nos é apresentado o eventual recurso à energia nuclear?


OS LOBBIES
Não considerando interesses empresariais (petrolíferas, distribuidoras eléctricas ibéricas, construturas automóveis, fabricantes de turbinas ou mesmo de governos),
temos:

De um lado, nucleofóbicos que não querem nem ouvir falar de estudos nem de testes sobre a matéria.
De outro, autodenominados progressistas patrióticos criticam o atraso de portugal em mais uma estratégia que os países mais ricos adoptaram atempadamente. Trata-se aparentemente de dois lobbies de alto índice altruístico. Onde entra a demagogia?
Do lobby anti-nuclear, partem os mais variados argumentos: risco sísmico, perigo de erro humano, os resíduos radioactivos e a sua presença activa 50 anos após o desmantelamento da central; em suma, que a energia nuclear não é limpa nem segura.


Do lobby pró-nuclear rebatem: Japão e costa sul dos EUA são muito mais susceptíveis a riscos de sismo e de tempestades tropicais, não correspondendo a problemas nas centrais, apenas a maiores necessidades de segurança; perigo de erro abunda nos mais variados sectores com risco para a saúde pública e natureza em geral; resíduos... eles já os há com melhor ou pior (ou nulo) tratamento, sejam fruto de lixos hospitalares ou da mineração de urânio/plutónio. Além disso os resíduos são mínimos e concentram-se na própria central, sendo enclausurada em betão onde se descontaminará em poucos séculos, e sobre a sua conhecida forma de os conter, não é menos ético que as lixeiras soterradas ou os próprios aterros licenciados.

Sabendo que:
Do lobby anti-nuclear pede-se aposta nas renováveis e na eliminação das emissões poluentes;
E que do lobby pró-nuclear se pede aval para programas de estudo e implementação de centrais e tecnologias sob pretexto da potenciamento da independência energêtica nacional;
Resta saber se de facto ambas as pretensões são de algum modo compatíveis.

Ambas se inserem num nevoeiro hipócrita:
Uns querem que se gaste apenas metade da energia consumida actualmente, e que seja energia com 0% emissões, 100% limpa, 100% segura, 100% viável (que não existe). Esquecem-se contudo que 20% da energia que consomem advém de reactores nucleares da estremadura espanhola e 60% da queima de combustíveis fósseis.
Outros querem ver a pátria amada produzir energia de forma potente mas que gera contaminantes intratáveis. Além disso, quantos dos adeptos do nuclear (cidadãos, autarcas, "especialistas", etc.), não protestariam com a instalação dos reactores na vizinhança...?.



PORTUGAL E AS RENOVÁVEIS
Desiludam-se aqueles que julgam fácil, a viabilidade de Portugal conseguir a curto/médio prazo superar as necessidades energéticas apenas com as tecnologias renováveis existentes.
Sobre o Plano Nacional de Barragens. O plano visa incrementar a produção de energia correspondente a
3,3% da consumida em Portugal (dados de 2006) e correspondem a apenas 1% na poupança de emissões (não esquecer que todos os dados apontam para diminuição da disponibilidade de água em 40% até 2050, inviabilizando todos estes investimentos).
Sobre as eólicas, nem com um parque eólico em cada freguesia rural do país se atingiria a independência energética.
Também não nos resignemos. Há muita coisa por fazer e muito potencial por explorar, desde as eólicas ofshore à energia maremotriz e das ondas, cujas tecnologias ainda terão que ser melhor desenvolvidas... Apesar desta esperança, atentem: A grande solução está na microgeração!

Enquanto o governo se passeia emproando os estandartes das torres eólicas e dos campos fotovoltaicos, as verdadeiras mudanças continuam por fazer, traduzindo-se em exemplos de acções a cargo dos samaritanos.
Aqui sim! Onde andam as proibições e as obrigatoriedades que de facto fariam evoluir as mentalidades? Porque é que temos que esperar que seja a UE a definir limites e licenças de emissões? A UE não cumprir as metas justifica Portugal?
Enfatiza-se muito o que é mediático e substima-se o que é estrutural...

Feita a exposição do panorama nacional, continuemos:
Que fazer com a hipótese nuclear?


DISMISTIFICANDO A QUESTÃO DO REFERENDO
São crescentes as referências feitas por especialistas (de "bancada" e não só) à realização de um referendo em Portugal sobre a matéria.
Justifica-se?
A resposta vem de um inquérito de Março 2008 encomendado pela União Europeia, que resulta que, para já, apenas 23% dos portugueses se mostram favoráveis à produção de energia nuclear em Portugal. Ora não será de todo justo referendar uma questão sobre a qual, não hajam sondagens que dêm sequer mais de um terço da população favorável à alternativa.
Sob este prisma, a questão do referendo nem se deve colocar. Ou se conclui que a energia nuclear é necessária para portugal e avança-se, ou não se avança aguardando "melhores dias".
Um governo não pode é demitir-se da responsabilidade de analisar o que de facto é melhor para a economia nacional, no futuro atribuindo ao povo (ignorante ou não), a culpa de uma má decisão.
Convém no entanto referir que se regista desde 2005 um aumento significativo do apoio da população europeia à energia nuclear (embora esse crescimento seja menos espressivo em Portugal).

Apesar de tudo, DEVE O PAÍS DESPREZAR A OPÇÃO NUCLEAR?

Na verdade, há muito que Portugal admite a sua implantação.
Portugal é um dos países que integra o ITER - International Thermonuclear Experimental Reactor, um projecto de cooperação internacional envolvendo o desenvolvimento da tecnologia de fusão a frio, tecnologia que, segundo muitos, pela sua fiabilidade (autêntica) sem qualquer produção de resíduos, virá revolucionar a energia nuclear e o universo da produção eléctrica em geral. O local já se encontra em construção no Sudeste de França e deverá ter a sua primeira operação já em 2016. Não se julgue que Portugal apenas assina de cruz. Portugal apresenta-se empenhado no projecto querendo ampliar o seu campo de intervenção e promovendo até a entrada do Brasil no mesmo. E embora o Brasil tenha oficialmente declinado o convite dos participantes do ITER, investe e trabalha com vários cientistas junto com Portugal neste projecto.

Apesar da realidade da fusão a frio estar um pouco àparte da polémica do nuclear em Portugal, e talvez um pouco distante no tempo, certo é que as necessidades energéticas vão começar a disparar já!
Isto independentemente de se considerar um aumento da eficiêcia no uso da electricidade. Há que ter em conta que sendo o próprio desperdício um factor de concorrência, quer empresarial quer social, será difícil senão impossível chegar às metas apontadas.

Atente-se que Portugal importa o seu petróleo e importa a sua energia. Converter os transportes de combustível de base petrolífera em base eléctrica, não retira qualquer independência por si só, apenas troca o produto objecto.


Apesar de alguns aproveitamentos mediáticos demagogos,
não é claro que Portugal seja um utilizador ineficiente de electricidade.
Em 2005, a energia gasta para produzir 1000 euros de riqueza (PIB) era de 241,43 Kg em Portugal (tendência crescente), enquanto na UE25 era 204,89 Kg e, na UE15, 184,85Kg(tendência decrescente).
Contudo, os dados não são conclusivos. Eles apenas mostram que os gastos de Portugal na criação de riqueza têm uma maior fatia energética (PIB por consumo energético) , mas não será de estranhar que o consumo energético enquanto factor de custo de produção pese mais nos custos de produção portugueses que em outras economias. Basta lembrarmo-nos que Portugal paga sensivelmente o mesmo preço pela energia que os restantes países UE, gastando muito menos em salários e outras despesas...

A CULPA DO ASFALTO E DO AUTOMÓVEL
Insurgem-se cada vez mais os que afirmam que desde os tempos cavaquistas, os sucessivos governos suicidaram o país e a natureza apostando forte no transporte rodoviário. Hoje, mais que nunca, se criticam as autoestradas e vias rápidas existentes e em construção.

Verifica-se assim que há muito boa gente aparentemente esquecidos dos tempos de júbilo por cada km inaugurado, e esquecem-se sobretudo que votaram em quem votaram precisamente por esse asfalto 'maldito'.
Além disso nenhum deles admite prazer em cada buraco de estrada que pisavam ou nas intermináveis e desconfortáveis viagens de autocarro conhecidas de anos passados.

As autoestradas não serão as soluções determinantes, mas se os governos erraram nas suas prioridades, não erraram sozinhos, errámos todos.
E errámos todos porque fomos nós que abandonámos o comboio em benefício do conforto de podermos livremente circular à boa portuguesa, dessenrrascando-nos em ir ali ou acolá evitando os estigmas da "mediocridade" dos transportes públicos. Se os governos erraram em não promover o ferroviário, nós errámos em não exigir por ele!

Abandonando lamúrias, Portugal é um país bem servido de autoestradas e isso não deve ser por si só desonra nenhuma! Desonra e frustração é saber que do Algarve a Lisboa se leva de comboio o mesmo tempo e gasta-se o dobro do dinheiro do que ir de expresso do mesmo Algarve até Aveiro.
O investimento na rodovia foi dos investimentos mais rentáveis ao país. Embora sendo carente de sustentabilidade, em números verificou ser uma alavanca no desenvolvimento económico do país, tornando Portugal em um dos países com maior percentagem (face ao PIB) de receitas provenientes do ramo automóvel (mesmo considerando a construção e assemblagem de componentes).
Apesar de rentáveis a grande quebra na sustentabilidade desses investimentos destaca-se quando considerado o colateral esquecimento dos investimentos em transportes públicos (sobretudo ferroviários), os quais, são acima de tudo necessários.


Qual a relação das autoestradas com a opção nuclear???
Hoje, o que circula nos betuminosos consome petróleo, e amanhã?
Sabemos que o hidrogénio não é uma fonte limpa. A sua produção envolve emissões aos mais variados níveis, e para o produzir é preciso gerar electricidade.
A verdade é que num prazo de 15 anos, será vulgar estarmos sentados num veículo eléctrico. Não haja ilusões. Não existe nenhuma fonte com tão elevada facilidade de padronização como a electricidade.
A esperança dos biocombustíveis como grande solução para curto prazo cái por terra com os primeiros sinais de concomitância com a fome em elevação. O hidrogénio e mesmo o ar comprimido enquanto subprodutos produzidos com electricidade estupidificam-se conceptualmente face ao uso directo da electricidade nos veículos.

Os veículos eléctricos estão aí, e não vão a lado nenhum... pelo menos se não houver produção de electricidade...


A VINGANÇA DAS EMISSÕES
Na europa e algumas outras economias desenvolvidas e dependentes do petróleo, poderemos vir a encontrar nos próximos 20 anos um terço da frota automóvel movida a electricidade. Poderemos até ver as emissões de carbono de alguns países europeus diminuir drásticamente. O que dirá o nosso planeta disso?
"Tretas!" dirá ele. Por essa altura teremos as economias emergentes em substituição das actuais maiores poluidoras do mundo.
Obviamente que muitos erros não serão repetidos, e muitas imposições internacionais serão impostas, haverá muita regulação e até muitos compromissos, mas não há escapatória ao facto das economias emergentes representarem (hoje) 4 biliões de pessoas enquanto que as desenvolvidas e ecológicamente mais sensíveis não atingem os 500 milhões.
E se agora o G8 se ridiculariza em ambições ecológicas com os seus 50% de redução de emissões em 42 anos, serão as novas economias assim tão mais conscientes e altruístas ao ponto de nos salvarmos às perigosas alterações climáticas?
Não há respostas alegres, apenas lutas a travar!

E mesmo considerando as melhores previsões, temos que ver que a poluição do automóvel nem é a maior fonte de poluição, sendo ultrapassada largamente pelas centrais geradoras de energia. E se considerarmos o mero facto de que a china se tornaria um jazigo se todos os habitantes usassem diariamente aerosóis comuns como desodorizante, ambientador, venenos ou tintas, daí constatamos a sensibilidade do sistema ecológico humano (des).

No caso português, compromissos de baixar emissões significativas sem desactivar a central de Sines e sem implantar centrais nucleares só significa duas coisas, ou passam a existir políticas severas, estruturais e eficientes, ou esse compromisso será forjado sobre interesses económicos suplantando a justeza e o bem estar dos portugueses.



ENERGIA NUCLEAR, SIM OU NÃO?
Neste momento, não passa de uma opção política a tomar todos os dias (cada dia que passa sem nada fazer, é dizer não).
Não há dúvidas sobre a proliferação massiva mundial das energias renováveis, incluindo a nuclear.
Portugal não pode ficar parado a ver a factura energética aumentar!
A energia nuclear não é limpa, só a mera construção da central implica uma vastidão de emissões.
E se Portugal preferir continuar com acções alternativas enquanto espera pelo nuclear 'perfeito' será uma opção a assumir com seus custos e seus benefícios. É necessário é que essas alternativas surjam a sério e não como falsos baluartes.
Se assumimos esperar pelo nuclear 'perfeito', então que se começe a preparar os estudos de implantação das utópicas centrais para que, aquando da sua comprovação internacional, estejamos na linha da frente prontos a usá-la!

Esperemos pois que as medidas apareçam, e que cheguem a tempo de garantirmos a iluminação do nosso caminho...





Mapa mundi da localização de complexos de reactores nucleares









Actualizações pós-artigo:
Dia 15 - Vítor Constâncio relança o debate nuclear;
Dia 18 - Quercus confirma dados lançando onze buracos negros da energia em Portugal
Dia 21 - O bastonário da ordem dos engenheiros afirma-se certo que a dependência energética é maior problema do país.
Dia 24 - A Associação Empresarial de Portugal (AEP), a Associação Industrial Portuguesa (AIP) e a Confederação da Indústria Portuguesa manifestarm a opinião conjunta de que apesar da aposta nacional nas energias renováveis, especialmente em matéria das hidroeléctricas e eólicas, esta «não será suficiente para responder às necessidades da procura sem recurso a novas fontes ou ao aumento da importação de energia eléctrica.