segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ex.mo Sr. Doutor Presidente da República Fernando Nobre?

Com o emblemático Padrão dos Descobrimentos em pano de fundo, apresentou esta Sexta-feira a sua candidatura à Presidência da República Portuguesa, sem apoios partidários.

Quem é o Doutor Fernando de la Vieter Ribeiro Nobre?
Médico cirurgião português, Luanda, nascido a 16 de Dezembro de 1951.
Residiu na RD do Congo, esteve na Bélgica durante quase 20 anos, e regressou a Portugal em 1985 após (por inspiração da sua experiência nos Médicos Sem Fronteiras e de convite do então Ministro da Saúde – Dr. António Maldonado Gonelha) ter fundado a AMI - Assistência Médica Internacional, ONG que ainda preside.
Cidadão do Mundo, visitou mais de 100 países e sempre com um espírito incansável contra a intolerância e a indiferença, por ele considerada como as piores doenças da sociedade humana.

Apesar de insinuações de alguma Esquerda política menos instruída ou com intenção de colagens ao novo candidato, o Doutor Fernando Nobre é partidariamente neutro. Participou na convenção do PSD em 2002, apoiou a candidatura de Mário Soares à presidência da República em 2006, foi mandatário do BE nas últimas eleições Europeias e apoiou a recente reeleição de António Capucho como Presidente da Câmara Municipal de Cascais (PSD/CDS-PP).

Para os algarvios que não sabem, o Doutor Fernando Nobre foi também co-fundador do Hospital Particular do Algarve em 1996, tendo sido o primeiro Director Clínico e o primeiro Presidente da Assembleia Geral.
É um Homem conhecedor do Algarve, em especial do Barlavento, onde ainda à poucos meses visitou Lagos em Setembro passado por cerimónia de abertura do II Master de Verão em Política organizado pelo Instituto da Democracia Portuguesa - Grupo do Algarve (Paulo Rosário Dias, Coordenador), e no mês seguinte para lançamento dos seus dois últimos livros.
Foi agraciado como Cidadão de Mérito pela Câmara Municipal de Portimão em 1993, da qual foi nomeado membro do Conselho Estratégico em 2005, e é Membro Honorário do Lions Clube de Portimão (Lions Clubs International é a maior ONG de clubes de serviço de voluntariado e filantropia e foi considerada em 2007 como a melhor ONG do Mundo).

Se for eleito, esta será a segunda vez nas duas dezenas de Presidentes da República que já tivemos no Regime Republicano, que Portugal terá um Médico como Chefe de Estado (o primeiro foi António José de Almeida, curiosamente o único da “primeira república” que cumpriu o mandato até ao fim).

Pessoalmente, revejo nesta candidatura a universal inspiração mobilizadora de que o país carece. Muito mais que advogados ou politiqueiros, Portugal requer de um verdadeiro humanitário cuja visão, a sabedoria e a preocupação trate o que o interesse partidário descura…

Apoio.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Quarta-feira de cinzas, a penitência

Hoje para os católicos dá-se início ao período de 40 dias (excepto Domingos) que antecede a celebração da Ressurreição de Cristo no Domingo de Páscoa, um período da liturgia clerical cada vez mais renegado pelos deístas.
No início do período que a Igreja classifica como de "penitência e meditação", o INE revela as estatísticas do (DES)emprego em Portugal de todo o ano de 2009. Apesar de pequenas gralhas, é um documento que merece ser consultado - aqui.

Os dados são ainda mais preocupantes do que se nos fez supor, tendo o desemprego nacional do último trimestre ultrapassado os dois dígitos.

E se na globalidade o aumento do desemprego não causa surpresa, observemos as assimetrias regionais...
Ao longo da última década a região do Alentejo tem liderado com destaque o ingrato ranking do desemprego nacional.
Pois as novas estatísticas revelam que apesar do Alentejo também sofrer com aumento da taxa de desemprego, esta região foi ultrapassada pela região Norte e pela região do Algarve, que apresentaram taxas de 11,9 e 11,8, respectivamente.

Por outro lado, as regiões autónomas foram as que melhor resistiram ao aumento do desemprego.
Ainda que estruturalmente distintas, para os economias não lhes será difícil comparar e compreender a força da sustentabilidade das economias insulares versus a fragilidade das economias do Norte e do Algarve. Estas duas regiões fundamentais para o Produto Interno também são bastante distintas entre si. Para ambas as regiões se justificará a insolvência das muitas empresas que operam em mercados susceptíveis à conjuntura como a construção, o têxtil e o turismo.
Mas há uma característica que as une, e nem todos os economistas saberão contabilizá-la - A distância a Lisboa e ao poder de decisão.
Ou seja, analisando as quatro regiões mais afastadas do poder nacional de de
cisão, as que têm autonomia regional são as menos afectadas pelo desemprego, enquanto que as que dependem da macrocefalia de Lisboa são as mais afectadas (tirem-se conclusões!!!). Mas por ora deixemos os descentralismos de parte.

Como todas as estatísticas, os dados por si só não são conclusões mas sim meros indicadores e instrumentos de análise, e existem alguns dados que carecem de especial precaução, não podendo negligenciar que hoje há muita população que deixou de ser considerada desempregada quer pela via de formações ou por substituição de estatuto pelo Rendimento Social de Inserção e outros.
O próprio relatório do INE traduz que muita população transitou do estado de desempregado, para inactivo!
Apesar do 4.º trimestre apresentar subida do número de desempregados, o relatório indica que do 3.º para o 4.º trimestre, muitos desempregados sairam de contabilidade! "As saídas do desemprego entre os dois trimestres foram, em termos relativos, mais intensas do que as saídas do e
mprego".
O que para bom entendedor significa que apesar da gravidade dos números do desemprego, estes são até eufemísticos sobre o prejuízo real sofrido pelas famílias e economia portuguesas no último ano...

Temos ainda, no que respeita à população empregada, dados que revelam:

- Por idades: a população entre os 15 e os 24 registam a maior queda, superior à queda da população à procura do primeiro emprego, denotando-se aqui claros sinais da não renovação de postos precários/sazonais.
- Por escolaridade: Uma positiva subida na percentagem com escolaridade de Ensino Secundário e pós-secundário. Mesmo contabilizando as facilitadas qualificações das novas oportunidades não deixa de representar uma real evolução no mercado de trabalho português.
- Por sectores: todos diminuíram o efectivo de empregos, sendo o da Construção o com mais impacto no desemprego, enquanto que o sector Agrícola foi o único cujo efectivo de empregos subiu do 3.º para o 4.º trim
estre, impulsionado pela sazonalidade de algumas colheitas.

Quanto à recuperação, bom, o melhor é todos acendermos uma velinha...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Como se faz uma Fénix?

PSD.
Pedro Passos Coelho conhece finalmente os seus opositores à liderança do Partido Social Democrata.
Com o anúncio de Paulo Rangel e a quase certa confirmação de Aguiar Branco, avizinha-se uma disputa maior que a que instalou Manuela Ferreira Leite na liderança.

Liderança tem sido a palavra de ordem das estruturas e militantes em geral do partido. Todos concordam que a nova liderança deve surgir rapidamente e que sob ela todos se devem unir nestes tempos tão críticos que a política portuguesa assiste.

A credibilidade do Primeiro-ministro está em cheque como nunca esteve mesmo nas mais dúbias questões do passado recente, disseminando já preocupações em figuras-chave do Partido.
As grego-troicas soluções socialistas esgotaram-se no seu limite. O Avançar Portugal não tem concretização à vista.

Politicamente, este seria a oportunidade para o PSD demonstrar o seu vigor e capacidade de constituir alternativa de Governo, mostrando que tinha razão em muitos assuntos que hoje dominam.
É quase que vergonhoso que Sociais-Democratas tenham que impedir a queda do governo por manifesta incapacidade partidária. Assusta que a vitimização do PS e a falta de pujança do PSD permita o regresso da maioria absoluta, ou pelo menos, men
or representação PSD.

Mas, se por um lado o PSD perde oportunidade de exercer influencia no seu eleitorado, também é verdade que no pior momento do país, não convém barafustar muito para fugir à conotação.

Eis que antes mesmo de ocorrer um tal almejado Congresso, surgem três candidatos de peso:
Pedro Passos Coelho, o audacioso. Aproveitou 2009 para criar afinidades com as bases assumindo-se como alternativa ao Ferreirismo, sabendo que apesar de ganhar pontos, a sua insuburdinação tem a sua cota-responsabilidade no descrédito que derrotou Ferreira Leite nas legislativas. Tem simpatias ferrenhas e hostilidades invariáveis, será difícil ter mais votos do que os que teve nas últimas eleições.

Paulo Rangel, o Simpático duro. Ganhou extrema popularidade com sua vitória nas europeias, Clímax dos últimos anos para o PSD. Tem sido seduzido pela esperança de vários quadrantes das bases do partido. De figura simpática e imagem vitoriosa, é sem dúvida o candidato mais vendável (marketing) ao eleitorado. Tem certamente uma candidatura planeada para vencer.
O ser militante recente e o menos entranhado nas cortes do PSD não é um factor negativo. A relativa incerteza sobre as suas inquinações mas a garantia da sua política de ruptura e mais à direita pode transmitir através da do distanciamento, a confiança necessária para o consenso entre os militantes. O seu ponto fraco parece ser o das recorrentes tácticas de "claustrofobia democrática", mas se ele souber fazer melhor do que fez Ferreira Leite, poderá tornar essa fragilidade numa arma de maior poder.

Aguiar Branco, o Flexível. Um dos grandes orquestradores das movimentações Social-Democratas dos últimos anos. A sua candidatura era obrigatória para defender a sua coerência mas também a disponibilidade para liderar um eventual governo PSD. A sua influência nas questões partidárias e parlamentares estará sempre presente. A sua vitória corre o risco de nulidade já que pouco mais há a fazer do que aquilo que já exerce. Este candidato é o que poderá render a sua candidatura a um dos primeiros, garantindo a vitória a um e a derrota a outro, o preço será alto, mas a marca de uma derrota também não se lhe aproveita.

É cedo para julgamentos.
As figuras do Partido incluindo Pedro Santana Lopes, terão ainda uma palavra a dizer.
Mas os militantes não estão muito interessados nas guerrilhas internas. Quem votar não se poderá alhear que vai votar no candidato que terá de fazer sombra a Paulo Portas, cuja popularidade continua a mais elevada dos líderes políticos.
Com AD ou sem AD, para o PSD se afirmar como oposição objectiva e alternativa viável, a sua voz terá que elevar-se acima da do líder centrista.

No próximo Concelho Nacional de dia 12, esperam-se alinhamentos sobre as candidaturas ao cargo que terá especial destaque no período pós-Pacto de Estabilidade e Crescimento, Pré-Presidenciais e Pré-Regionais, não esquecendo claro está a eventualidade de umas eleições legislativas antecipadas, a engenhosamente agendar para uma Fénix Sá-Carneirista.