terça-feira, 19 de agosto de 2008

'O pesadelo de Pequim'!

Laurentino Dias apazigua os efeitos de Vicente Moura...

A televisão mostra o desalento dos atletas e a desilusão dos esperançados. Mas será tudo um simples desaire desportivo do povo do "quase lá"?...

A atitude de Vicente Moura, Presidente do POC:
Desapontado com a prestação de Naide Gomes e Insaciado do apetite das medalhas, Vicente Moura confidenciou o fim da sua carreira à frente do Comité Olímpico de
Portugal (COP), a 5 dias do final dos Jogos de Pequim 2008.

“No futebol o que às vezes se diz é que matematicamente ainda é possível”, limitou-se a afirmar, adiantando que tem previsto dar uma conferência de imprensa no último dia dos Jogos, 24 de Agosto, na qual falará “de tudo o que está para trás, de Pequim2008 e do futuro”.

Certo é que já em Maio, em Santo Tirso, o presidente do POC tinha admitido o cenário de abandono caso a missão portuguesa em Pequim não cumprisse os objectivos traçados:
"Se não formos capazes, peço desculpa. Vou para casa, onde tenho umas pantufas confortáveis à minha espera".

Vicente Moura considerou que este é o «momento certo» para a sua saída do cargo e dar lugar a outras pessoas.
"Não sei se é preciso uma lufada de ar fresco. Estou é cansado. Fiz o que podia fazer. Sinto-me de consciência tranquila e agora quando chegar a Portugal vou de férias e vou preparar as eleições e entrego às federações o futuro do Comité Olímpico".

"Quando apresentei o plano ao Governo e pedi um determinado apoio financeiro dizia que se esse apoio financeiro fosse dado perseguiríamos os objectivos de três/quatro medalhas e 60 pontos. Parece que vai ser difícil cumprir esses objectivos".

Sobre os objectivos traçados, Vicente Moura recordou que Portugal somou 43 pontos nos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, e que lhe pareceu que com mais duas modalidades e mais atletas, seria possível chegar aos 60 pontos.

"Não me queixo de ninguém nem de nada. Queixo-me apenas de que aqui faltou uma ponta de sorte".

Reacções:

Manuel Silvério, Presidente da Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa, reagiu nobremente considerando a sua saída uma “perda” para o desporto...
Uma declaração políticamente correcta ou não fosse Vicente Moura,
além de dirigente do Comité Olímpico Português, dirigente da estrutura da organização dos segundos Jogos da Lusofonia, que terão lugar em Lisboa em 2009, por ventura uma competição mais aliciante?...

Laurentino Dias, Secretário de Estado do Desporto sustenta que é tempo de apoiar os atletas que ainda vão competir, para tentar que o saldo da participação portuguesa possa ainda melhorar até ao final dos Jogos, no próximo domingo. O voto de silêncio e de confiança, pelo menos enquanto durar a prova, diz Laurentino Dias, é "em honra da solidariedade que nos merece uma campeã chamada Naide Gomes, que hoje teve o seu dia pior, e um campeão chamado Nelson Évora, que daqui a dois dias vai competir para procurar aquilo que nós desejamos, que é uma medalha."

Laurentino Dias aproveitou para sublinhar que "esta Missão olímpica foi, talvez, a mais bem preparada e apoiada de sempre", reconhecendo, ainda assim, que isso "não significa que tenha de ter os melhores resultados de sempre".

A culpa de Vicente Moura.

Tivesse Vicente Moura parte do tino de Laurentino, e nunca teria posto a pressão que foi posta nos atletas, diga-se: a maior de sempre!. Além disso nunca teria proferido as declarações Scolarescas que proferiu, como que abandonando os atletas ainda em prova nas competições

Voltanto à previsão de Vicente Moura, o facto de em Antenas 2004 ter corrido bem, e agora em 2008 termos mais modalidades inscritas não é garantia alguma de melhores resultados!

O Sr. Vicente pode ter querido prometer as 4 medalhas e 60 pontos em ordem a conseguir o maior apoio financeiro alguma vez concedido para o COP - jogos olímpicos...

Mas foi desde aí que os 78 atletas começaram a se ver presos a uma pressão crescente, que teve o seu auge nestas duas terríveis semanas de Agosto.

Haverá portugueses que pensam que os jogos olímpicos são como um europeu de futebol em que os craques teem que ganhar, mas a verdade é que milhões de atletas vêm o seu sonho realizado só por conseguir um último lugar numa competição olímpica!

Foi em Vicente Moura que a pressão começou mas ao abandonar o barco, não a leva com ele. Foi ele o responsável pelo POC, o responsável pelos bons e maus resultados, e com a sua atitude de jogar a toalha ao chão a meio da competição, desampara atletas como Nelson Évora, um outro campeão mesmo sem medalhas chinesas...


Vamos a contas:
14 milhões de Euros foi a verba disponibilizada oficialmente para financiar o projecto Pequim 2008, que engloba os anos de 2005/06/07 e ainda os primeiros 8 meses de 2008, revertindo-se numa comitiva de 78 atletas.
16 milhões de patacas (+-1,3M€) foi o subsídio da fundação Macau para proporcionar a passagem da tocha olímpica por Macau, valor polémico cujas explicações ainda não convenceram os cépticos.
16,8 milhões de Euros fixou, ainda antes do início destes jogos, o Comité Olímpico de Portugal em proposta de orçamento para os próximos quatro anos (inscrita no Projecto de Preparação Olímpica Londres2012, bem como na evolução das esperanças olímpicas para os Jogos de 2016).

2 comentários:

  1. É claro que o meu caro Paulo do Rosario Dias é um informadíssimo especialista em desporto de alta-competição e gestão do desporto para dizer o que diz.

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  2. Caro Nuno, não precisa ser mais que um adepto do desporto para constatar que VM colocou desde logo pressão nos atletas ao subir a fasquia inerente aos 14ME.
    E não precisa sequer gostar de desporto para saber que um atleta é prejudicado pelas pressões (não confundir com ambições/motivações).

    Disponha-se sempre a refutar as informações do blogue.
    Obrigado pelo contributo.

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