sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

2012: Episódio I - O fim da 'Pax Europeana'.

No contexto atual em que se exige urgentemente mais integração, mais união e mais diligência, o Tratado de Lisboa é já um tratado obsoleto, uma passagem intermédia entre o que foi a União e o que tem que ser, aguardando inevitaveis reformas (impostas pela conjuntura de poderes) que consagrarão o domínio de uma Europa sobre outra...

Atualmente as tensões institucionais estão inflamadas com pressões da Comissão Europeia para com o Estados Alemão e Francês para se concertar a implementação das Eurobonds e um aprofundamento da intervenção do Banco Central Europeu, e a resposta no sentido de reformar o controlo da União retirando poder às economias mais débeis para as entregar às mais fortes...

Mais força para a União Europeia não é sinónimo de prosperidade. É crescente o sentimento popular e consequente ação política de contestação e revolta para com o acentuar das desigualdades entre grupos de Estados Membros. Se antes da crise do crédito as diferenças sociais e económicas passavam naturalmente por diferenças culturais, hoje essas diferenças são sentidas com frustração, sobretudo com a recente crise da dívida soberana dos países do sul da Europa. É destacada a linha que separa países mais nórdicos como a Alemanha ou a Escandinávia que apresentam boas condições sociais, níveis de emprego e de competitividade invejados, dos novos “periféricos” ainda em plena escalada de agravamento social, contagiando Estados fundadores e fulcrais na união como é a Itália.

A volatilidade dos mercados ameaça a estabilidade da moeda única e estas novas diferenças ameaçam a integridade da própria União. Aumenta a revolta pelas responsabilidades das crises da dívida e das austeridades, e a pressão em torno do aprofundamento integracionista como solução para problemas económicos. Nunca o medo da desintegração esteve tão presente no pensamento dos europeus, justificando a cautela acrescida dos próprios órgãos Comunitários.

A discussão política interna dos estados foca cada vez mais agressivamente estas diferenças pressionando os respetivos líderes a adotar posições em sintonia. Assistimos ao crescer de uma assimetria reconhecida e rejeitada entre povos em crise exigindo solidariedade e respeito, e povos que não estando em crise, detêm cada vez mais a responsabilidade e também o autoritarismo de decidir o rumo dos acontecimentos.

Os receios sobre o futuro da Europa não são infundados pois o que sair da eminente revisão do Tratado de Lisboa corre o risco de transformar poderosos em ditadores e frustrados em rebeldes, consumando a destruição da Pax Europeia...

1 comentário:

  1. No contexto atual em que se exige urgentemente mais integração, mais união e mais diligência, o Tratado de Lisboa é já um tratado obsoleto, uma passagem intermédia entre o que foi a União e o que tem que ser, aguardando inevitaveis reformas (impostas pela conjuntura de poderes) que consagrarão o domínio de uma Europa sobre outra...

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