terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Sócrates contra Sócrates!

Apesar de a recente entrevista ao nosso Chefe de governo não trazer qualquer novidade, e apenas compilar a mistela de princípios "entrolhados" do José Sócrates previsto para 2009, o nosso Primeiro Ministro terá certamente créditos de que se pode orgulhar.
Também há que reconhecer que poucos ou menos aspectos do nosso Portugal melhoraram... mal seria se um governo fizesse tudo mal...


Mas o certo, é que temos um Primeiro Ministro (PM) reactivo, que argumenta ao sabor do vento político, e cuja a ainda convicente retórica, embora suporte as suas convicções, em nada se coaduna com a realidade do país.

Só na última entrevista:

Um PM que vive por base de medição dos seus resultados, a previsão de 6,8 do défice "deixado por Ferreira Leite", e que reconhece o grave problema do endividamento externo, é o único PM da nossa democracia que faz propaganda orgulhosa de um aumento propositado do défice.
"decidimos aumentar o défice até 3% e usar essa folga"
O Anterior governo PSD-CDS pode ter deixado o país com défice alto, mas nunca admitiu aumentá-lo propositadamente, muito menos com pompa.


Na questão do estatuto dos açores, depois de um Presidente da República vencedor por maioria absoluta fazer parar o país duas vezes para alertar para os malefícios de retirar poder ao PR (sendo ou não constitucional), o PM diz:
"Eu não encontro razões para me opor à esta leitura (do PS) da constituição, pelo contrário...".

É um PM que apesar das medidas anticrise já anunciadas, afirma:
"não há nenhuma economia preparada para reagir e para responder a uma crise destas"
"recessão, não escaparemos a isso".
Se o cenário é de desastre, porquê as medidas paliativas e não verdadeiras reformas?

Sabendo da suprema eficácia e crescente necessidade dos transportes colectivos, sobretudo os ferroviários; e sabendo das lacunas nos mesmos, o nosso PM refere a infeliz sequência de palavras:
"Estamos a investir na eficiência energética e nas rodovias".

Quando se vislumbrava um controlo das contas e do défice a 2,2 ou inferior, anunciou-se o derradeiro avanço das grandes obras públicas para "alavancar a competitividade".
Agora, com a "crise inesperada que só se vive uma vez na vida", e sabendo-nos "sem escape à recessão", no que concerne às grandes obras, o rumo é.... Não mudar nada, excepto o argumento justificador das mesmas:
"É justamente nestas alturas que o estado deve fazer investimento".
Para quê dizer isto se o governo não tenciona alterar nem para mais nem para menos o investimento previsto? Constata-se de facto uma outra diferença: agora, ao contrário do que acontecia à um ano atrás, estas obras representam aumento objectivo do défice.

O PM argumenta que em tempo de crise não se pode baixar os braços, mas noutra perspectiva poderá ler-se: 'com a crise, o governo não sabendo o que fazer, mantém-se inerte'.

"...a prioridade para 2009 é o emprego"
O PM usa ainda do argumento das grandes obras como que priorizando o emprego. Mas depois diz:
"Esses investimentos (TTT, TGV e NAL) são investimentos que não vão ter expressão em 2009".
Mais se poderia dizer que não vai ter expressão na próxima década!
Com a economia global estagnada, e as companhias aéreas em liquidação, será o TGV mais rentável que uma linha alfa? E será o NAL a única hipótese de manter a capacidade do transporte aéreo para a capital?

Um PM que se orgulha tanto das medidas sociais como o abono pré-natal e aumento de abonos para famílias mais carenciadas, e um PM que tanta referência faz à segurança das famílias que irão enfrentar momentos difíceis, expôe:
"não quero arriscar a falência de um banco no nosso país".
"em 4.º lugar, temos que apoiar as famílias".

Pergunta-se, quanto mais tempo irá durar a argumentação narcisista do nosso estimado PM e até quando irão os portugueses continuar a confiar na sua propaganda?...

Perderá inrresponsávelmente o PS, nesta janela de maioria absoluta, a oportunidade de reformar?

No final deste mandato de "modernização" da economia, muitos gostariam de poder voltar atrás no tempo...

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