À falta de condições políticas (alguns chamariam coragem básica), não é expectável que surjam quaisquer evoluções nas subdivisões municipais do país... a não ser que... Se avance com um programa de regionalização política!
Mas não uma regionalização qualquer, uma regionalização condicionada com garantias de resultados em termos de eficiência gestora e redução de despesas estatais.
No contexto da Europa Ocidental, Portugal é o único país que ainda não se descentralizou politicamente.
Na vizinha França, com menor densidade populacional que Portugal, temos Regiões, departamentos e comunas com assembleias locais.
A vizinha Espanha, um caso de sucesso na descentralização, temos comunidades autónomas com diferentes níveis de autonomia (na maioria superior às nossas regiões insulares), províncias e ayuntamentos com assembleias locais.
Países menores que Portugal como a Dinamarca (em que municípios com menos de 20 mil habitantes são uma excepção), Irlanda, Bélgica, Países Baixos, Suíça, Áustria, todos eles têm subdivisões regionais e municipalidades com autonomia política. De que estamos à espera?
Enquanto predominar a macrocefalia do Terreiro do Paço não haverá reformas justas nem subordinados para lhes reconhecer obediência. Num país regionalizado uma região compete com outra (através da eficiência) pela confiança do poder central em lhe atribuir competências e recursos - Existe meritocracia administrativa.
Hoje, sobretudo durante as campanhas eleitorais, já todos estão de acordo com a regionalização - A sua própria. Os contentados pensam que ela já está essencialmente feita, com uma região Continental, duas insulares e as subtis "direcções regionais".
Os que querem melhor que isso apreciam o modelo das 5 regiões continentais, outros 7, e outros até 8. Qual o modelo perfeito? Ninguém sabe. Mas enquanto nos preocupamos com o extremo perfeito ou nada, nada acontece. Os que são a favor de 8 não devem deixar de ser a favor de 5 pois sem as 5, nunca haverá 8.
O mesmo acontece quando se fala em uma região piloto para uma regionalização progressiva. O Norte quer ser Região já; o Alentejo não diz que não e o Algarve mostra-se ansioso... Não sei qual ou quantas o devam ser em simultâneo, mas sei que a causa dos regionalistas de uma região, comunga com as causas de todos os outros regionalistas. E por isso, sem bairrismos, todos eles devem apoiar TODAS as iniciativas regionalistas.
Mas num país em que se perdem meses a discutir migalhas, orçamentos apressados e caducos que não valem o papel em que é impresso, e obediência às hostes quer lobistas quer partidárias, não se vislumbra bom termo tão cedo.
Apela-se a que a sabedoria se cruze com a coragem, para que este evidente desperdício na organização das autarquias se transforme em aproveitamento vantajoso...
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