segunda-feira, 27 de abril de 2009

"O Triunfo dos Porcos, a Desonra dos Bravos"

O sistema não funcionava...
Camaradas militares, oficiais genuínos
Gente disposta contra os cretinos
Tinha que se acabar com a trapalhada!
Chegara o momento da vitória
E sem procurar louvor ou glória
Se iria calar a gargalhada.

Partindo na madrugada
Um oficial liderou para Lisboa
Uns subalternos em brigada
Ocupando do beato à madragoa

Com a democracia desinibida cravou-se os louros pela descida
Desfilando na avenida que antes de ser já o era;
Mas a verdade fez-se bera parindo história iludida
Criando um monstro sem nome...

Depressa se sentiu uma ignorância
Que em toda e qualquer instãncia
Se nos mostrou fazer fraco da gente;

Longe dos tumultos nos trópicos
Começara pois a ditadura
Que com polícias e censura
Conteve a fome dos utópicos;

E sem a ver perdurar
Num surto sem cura
O alegre povo festejou
Legitimando amargura;

Agora a liberdade prostitui um símbolo
Que iguais não definem e dele se faz o que se quer,
Do fraterno uma desculpa, para o que der e vier.

Os ideiais esses,
Só nos espíritos se vivem, só na alma se manifesta
E sempre que a mesma data isso testa
Não há heróis nem canções nem flores
Que nos salvem do que resta...


Paulo Rosário Dias, Abril 2009

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Regresso ao Futuro...

Janeiro de 2007 - mês de desastres naturais (e humanos). Iniciou-se o período climax do efeito despertador de "uma verdade inconveniente" para a problemática das alterações climáticas.
Profetizar, sempre um exercício divertido, fez com que na altura durante uma troca de correspondência mais inspirada me levasse a tecer um cenário futurista sem tendências pessimistas:

"
A experiência da ciência demonstra a imprevibilidade das previsões.
No exemplo da demografia, sempre se previu no séc. XIX um crescimento exponencial em que as projecções fundadas no gráfico do crescimento populacional só por si, indicavam uma população de 20 biliões para 2020, contudo nos EUA o crescimento desacelerado aproxima-se da estabilização. Na Europa, atingido o pico entre 1995 e 2000, agora decresce.

Algumas ideias genéricas de uma previsão, completamente aberta, para 2060:

Parece-me crível antever que o número de pessoas atinga os 25 biliões ainda antes de 2060, salvo calamidades globais como uma terceira guerra mundial, epidemias globais ou outros acontecimentos "apocalípticos".

Mais pessoas implica mais energia. Considerando o nível de esforço dos países em reduzir as emissões (ainda que pouco vigorosa), penso que as emissões em 2060 não serão maiores que hoje.
Poluição:
Poluição atmosférica e águas residuais não representarão problemas de risco maior do que o risco que já corremos. Isto porque apesar do aumento dos poluentes, as práticas de tratamento irão sendo implementadas.
Resíduos sólidos urbanos será um problema! A reciclagem hoje em dia é quase que meramente industrial, movida por factores económicos. Em 2060 ainda se encontrará espaço para Aterros (sob cidades etc.), mas em 2200 não haverá espaço de manobra para o depósito do nosso "lixo". Políticas restringidoras quanto à produção de embalagens e outros produtos não absorvíveis pelo ambiente terão urgentemente que ser reforçadas.

Se considerarmos a evolução positiva da exploração espacial, veremos a possibilidade de o nosso Sol se tornar numa inceneradora brutal, salvando-nos assim da nossa porcaria e por outro lado dar azo ao comodismo irresponsável...

Outras poluições como a poluição sonora e luminosa estarão a crescer a um ritmo desenfreado, auxiliado pela evolução das novas tecnologias, maquinizações e automatizações, o planeta terá cada vez mais uma "iluminação própria". Será igualmente uma fonte de radiações várias ao nível de uma pequena estrela.

Na tecnologia vamos ver inteligência artificial não em máquinas de estimação mas nos próprios humanos. Nós somos os robots do futuro.
O mundo pode nunca ter paz mas todos nós poderemos estar em paz com o mundo se sentirmos dele harmonia. Nunca confundir com o comodismo que chamamos de conforto e que tirar-nos-á o carácter e a identidade individual que nos torna humanos.
E se hoje já temos chips, órgãos artificiais, auxiliares, peças que reduzem o peso ou sensores que substituem sentidos, em 2060 teremos uma infinidade de possibilidades que vão deixar descaracterizada a nossa antropomorfia.

Voltando mais ao estado social, com mais dois terços da população existente, a noção de distancias será muito menor, o factor proximidade será menos relevante para se determinar relações e influências.
O crescimento nos países desenvolvidos estarão estabilizados. Se a imigração conseguir sobreviver com a relativa liberdade, o desproporcional crescimento das diferentes etnias levará a medidas de Controlo da natalidade (protecçionismo à etnia local).
Por outro lado temos países asiáticos como a India e a China que em 2060, serão no seu conjunto portadores de dois terços da população mundial. Isto trará consequências decisivas na evolução tecnológica, nacional, de mercado, e social.
A China irá continuar a exportar humanos para todo o mundo e se por ventura aquela nação ter um impasse na economia, assistiremos estupefactos à maior debandada demográfica de sempre...

Os transportes evoluem, a mobilidade crescente possibilitará a todos a dispersão fácil pelo mundo. Talvez por isso nunca se veja uma China e Índia hiper-lotadas, mas sim uma cara asiática em todas as ruas de todos os bairros em todas as nações...

Com tão fácil mobilidade haverá ainda mais receio face à impossibilidade de se conter a fome, a doença ou o crime que um mundo povoado mas repleto de realidades distintas impulsionará.
A liberdade continuará a caminhar para a mera ilusão, sacrificada em nome da segurança. Haverá então o dilema entre ou proteccionismo ou o controlo. Poderemos até continuar a ver fronteiras abertas, mas tudo e todos estarão registados, controlados e invadidos na sua identidade.”


Em 2007, distante da crise de hoje, era certo como hoje que a ciência económica engenha a mutação do sistema com base nas projecções...
Contudo a ciência social estuda e acompanha mas continua sem engenhar nada... Se as seguintes gerações não compensarem esta falta, os robots do futuro terão menos humanismo que os fósseis do passado.
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