quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Estado (UEM) e a recuperação económica (II)

Sem credibilidade, não há crédito e sem este, manipular inflação, emitir moeda ou aumentar os gastos provocará convulsões económicas e sociais que arrisca a estabilidade dos sectores que actualmente se mantém estáveis, sem certeza dos efeitos multiplicadores positivos.

Toda a intervenção estatal tem um custo e a UEM com as actuais políticas assume claramente entender que a crise não se resolve de um dia para o outro e que a primeira prioridade é a estabilização dos mercados e a restituição da confiança. Assim, pese embora os inconvenientes directos para o crescimento económico, as políticas de estabilização são na verdade essenciais para tranquilizar as expectativas dos agentes económicos, e permitir um melhor ponto de partida para travar alterações evolutivas quanto ao papel interventivo do estado sobre a economia.

Como mecanismos que evitem o ressurgimento do problema inicial (conotado com a especulação descontrolada), a UEM espera limitar o desfasamento entre a economia real e a especulativa, seguindo mesmo algumas modestas políticas restritivas quanto à liberdade dos mercados de capitais virtuais (ex. Proibição do naked short selling). Depois de estabilizados os mercados, espera-se o impulso gerado pela recuperação da economia americana e a concertação de políticas orçamentais da UEM. Esta última tida como condição derradeira para eventuais estratégias de recurso a instrumentos do Banco Central Europeu para fomento da procura (keynes).
Na macroeconomia, o avultado desemprego é o problema proeminente, sobretudo considerando o conflituoso da necessidade económica de atribuir poder de compra aos desempregados enquanto as políticas de contenção pressionam o oposto. A assistência social será em vários aspectos racionada e a busca pela concertação social será uma tarefa constante nos tempos que se avizinham.

Os próximos anos serão inevitavelmente de depressão económica com crescimentos ínfimos, ou mesmo abaixo de zero e as massas exigirão um mais forte controlo do estado sobre a economia, sobretudo ao nível da financeira e da especulativa.
Para um mais rigoroso e interventivo acompanhamento macroeconómico, a União Monetária requererá completar-se com um certo grau de controlo orçamental sobre os estados, que por sua vez tenderão a assumir mais rigor. Enquanto isso, o FMI terá um papel harmonizador, pressionando os países emergentes a seguir a tendência, evitando o seccionamento das indústrias por regulados e não regulados (concorrência desleal).

As convulsões socioeconómicas resultantes das políticas orçamentais situacionistas e retractivas poderão levar a alterações no espectro da política económica, ampliando a influência dos ideais extremos, liberais e comunistas.
Assim, verificando-se o surgimento de um Estado, que embora sem maior peso se reforça enquanto regulador, aumentando o controlo dos mercados pelo poder político, a tendência da atitude de economia mista pode conhecer significativas instabilidades.
Existe mesmo o receio de que as semelhanças da actual crise com os efeitos práticos da Grande Depressão se alastrarm a níveis bem mais perigosos para a sociedade que os económicos...

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