quarta-feira, 12 de junho de 2013

A crise da redução do papel do Estado (II de III)

O Sistema e o mundo da vida

Com efeito, tanto a Economia como o Estado explicam-se na dimensão sistémica, dentro da lógica expansiva do capital, autónoma e apartada da vontade individual. Ao invés, no mundo da vida termos como cultura, sociedade e personalidade são componentes estruturais, um mundo simbólico e simbolizante com normas e valores emergidos para atear a racionalidade discursiva, instintivamente orientada para os conceitos de liberdade e democracia. 
 
Mundo da vida e sistema são assim conceitos axiais que permitem elaborar a crítica do capitalismo complexo, com vista a uma conceção da modernidade aplicada à sociedade atual, que se caracteriza cada vez mais pela desarticulação entre mundo da vida e sistema. Este tanto invade os interstícios daquele, como se deixa fendilhar e inocular pela subjetividade e precipitação das relações de mercado, contaminando família e Estado. 
 
É precisamente pelo progressivo desvirtuar dos dois mundos que a cruzada de resistência e sobrevivência ao presente período de recessão pressupõe a redução do papel do Estado, por um lado amputando membros viciados e automatizando as suas funções, por outro tornando-se mais sólido, e também mais hermético não só às interferências infecciosas, como pretendido, como também colateralmente muitas vezes à própria participação da deliberação...

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