quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Como se faz uma Fénix?

PSD.
Pedro Passos Coelho conhece finalmente os seus opositores à liderança do Partido Social Democrata.
Com o anúncio de Paulo Rangel e a quase certa confirmação de Aguiar Branco, avizinha-se uma disputa maior que a que instalou Manuela Ferreira Leite na liderança.

Liderança tem sido a palavra de ordem das estruturas e militantes em geral do partido. Todos concordam que a nova liderança deve surgir rapidamente e que sob ela todos se devem unir nestes tempos tão críticos que a política portuguesa assiste.

A credibilidade do Primeiro-ministro está em cheque como nunca esteve mesmo nas mais dúbias questões do passado recente, disseminando já preocupações em figuras-chave do Partido.
As grego-troicas soluções socialistas esgotaram-se no seu limite. O Avançar Portugal não tem concretização à vista.

Politicamente, este seria a oportunidade para o PSD demonstrar o seu vigor e capacidade de constituir alternativa de Governo, mostrando que tinha razão em muitos assuntos que hoje dominam.
É quase que vergonhoso que Sociais-Democratas tenham que impedir a queda do governo por manifesta incapacidade partidária. Assusta que a vitimização do PS e a falta de pujança do PSD permita o regresso da maioria absoluta, ou pelo menos, men
or representação PSD.

Mas, se por um lado o PSD perde oportunidade de exercer influencia no seu eleitorado, também é verdade que no pior momento do país, não convém barafustar muito para fugir à conotação.

Eis que antes mesmo de ocorrer um tal almejado Congresso, surgem três candidatos de peso:
Pedro Passos Coelho, o audacioso. Aproveitou 2009 para criar afinidades com as bases assumindo-se como alternativa ao Ferreirismo, sabendo que apesar de ganhar pontos, a sua insuburdinação tem a sua cota-responsabilidade no descrédito que derrotou Ferreira Leite nas legislativas. Tem simpatias ferrenhas e hostilidades invariáveis, será difícil ter mais votos do que os que teve nas últimas eleições.

Paulo Rangel, o Simpático duro. Ganhou extrema popularidade com sua vitória nas europeias, Clímax dos últimos anos para o PSD. Tem sido seduzido pela esperança de vários quadrantes das bases do partido. De figura simpática e imagem vitoriosa, é sem dúvida o candidato mais vendável (marketing) ao eleitorado. Tem certamente uma candidatura planeada para vencer.
O ser militante recente e o menos entranhado nas cortes do PSD não é um factor negativo. A relativa incerteza sobre as suas inquinações mas a garantia da sua política de ruptura e mais à direita pode transmitir através da do distanciamento, a confiança necessária para o consenso entre os militantes. O seu ponto fraco parece ser o das recorrentes tácticas de "claustrofobia democrática", mas se ele souber fazer melhor do que fez Ferreira Leite, poderá tornar essa fragilidade numa arma de maior poder.

Aguiar Branco, o Flexível. Um dos grandes orquestradores das movimentações Social-Democratas dos últimos anos. A sua candidatura era obrigatória para defender a sua coerência mas também a disponibilidade para liderar um eventual governo PSD. A sua influência nas questões partidárias e parlamentares estará sempre presente. A sua vitória corre o risco de nulidade já que pouco mais há a fazer do que aquilo que já exerce. Este candidato é o que poderá render a sua candidatura a um dos primeiros, garantindo a vitória a um e a derrota a outro, o preço será alto, mas a marca de uma derrota também não se lhe aproveita.

É cedo para julgamentos.
As figuras do Partido incluindo Pedro Santana Lopes, terão ainda uma palavra a dizer.
Mas os militantes não estão muito interessados nas guerrilhas internas. Quem votar não se poderá alhear que vai votar no candidato que terá de fazer sombra a Paulo Portas, cuja popularidade continua a mais elevada dos líderes políticos.
Com AD ou sem AD, para o PSD se afirmar como oposição objectiva e alternativa viável, a sua voz terá que elevar-se acima da do líder centrista.

No próximo Concelho Nacional de dia 12, esperam-se alinhamentos sobre as candidaturas ao cargo que terá especial destaque no período pós-Pacto de Estabilidade e Crescimento, Pré-Presidenciais e Pré-Regionais, não esquecendo claro está a eventualidade de umas eleições legislativas antecipadas, a engenhosamente agendar para uma Fénix Sá-Carneirista.

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