Substimado por comunicação social, comentadores e bloggers, estamos a assistir a um fenómeno político pouco estudado, mas que apresenta contornos que poderão afectar estruturalmente o partidário português nas próximas legislaturas...
No final de Outubro, o barómetro político da Marktest (empresa de sondagens mais credível de 2009) revela nova subida da popularidade de Paulo Portas.
E não é uma subida qualquer. O líder partidário que em 2008 chegou a ser o líder menos apreciado é hoje o líder partidário mais popular do espectro com o recorde de 50,5 pontos e em crescendo (também supera o Primeiro Ministro no índice de expectativas).
Com mais popularidade que Paulo Portas, só mesmo o Presidente da República (actualmente com 58,7 pontos e em queda).
E não se trata só de números. É reconhecida a qualidade e o poder argumentativo das suas intervenções objectivas e claras sem rival no emiciclo, e em crescente penetração ideológica na sociedade, o mesmo sucede com Nuno Melo e Diogo Feio.
Perceptível até pelas recentes intervenções e aproveitando a terrível baixa do PSD, desagregado, desmontado e desvigorado, Paulo Portas arrisca comandar os espíritos unitários de toda a oposição.
A comunicação social e os próprios partidos substimam os efeitos deste "salto" do PP, invocando o argumento de que com a chegada de um novo líder Social Democrata, o voto útil retornará ao PSD.
Mas é preciso ter atenção que o PP já demonstrou saber lidar com o voto útil e segurar eleitorado, e que o próprio PSD mesmo com um novo líder, enquanto recupera ou não recupera, subsiste a guerra de facções, barões e gatos ensacados que só desacreditam o partido que precisa de cheirar o poder para se unir.
Estamos perante um facto inédito na democracia portuguesa pós 25/74: CDS na sua melhor forma, em crescendo, enquanto que o seu concorrente PSD está na sua pior forma e sem espaventosa recuperação à vista.
Entretanto, a actual óptima posição de Paulo Portas lá vai consolidando eleitorado e influenciando tudo à sua esquerda.
Os próprios eleitores agnósticos da dicotomia Esquerda/Direita (que ainda são bastantes) estão seduzidos e susceptíveis de serem convertidos em democratas-cristãos ou aproximarem-se dos seus princípios.
O PSD suporta por isso um acrescido pesado fardo para os anos vizinhos: ou se faz acreditar ser capaz, e mais importante, ser merecedor de substituir o Partido Socialista no Poder, ou então teremos nas próximas eleições o CDS a conseguir não só manter o eleitorado, como a conquistá-lo ainda mais.
Perceba-se que embora o CDS tenha 21 deputados enquanto o PSD 81, em votos, o CDS tem 36votos por cada 100 do PSD.
E enquanto que o PSD tem todo um trabalho de recuperação e credibilização para fazer (o que só acontecerá após o Partido alcançar um patamar de unidade), o CDS tem caminho aberto para descobrir novos horizontes.
Enquanto os militantes do PSD estão e estarão divididos e desiludidos, os do CDS estão entusiasmados e motivadíssimos para fazer mais e melhor.
Qual a importância da moral dos soldados nas batalhas?
Com a estagnação à Esquerda, estão abertas portas a alterações no Centro e Direita portuguesa...
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