Também há que reconhecer que poucos ou menos aspectos do nosso Portugal melhoraram... mal seria se um governo fizesse tudo mal...
Mas o certo, é que temos um Primeiro Ministro (PM) reactivo, que argumenta ao sabor do vento político, e cuja a ainda convicente retórica, embora suporte as suas convicções, em nada se coaduna com a realidade do país.
Só na última entrevista:
Um PM que vive por base de medição dos seus resultados, a previsão de 6,8 do défice "deixado por Ferreira Leite", e que reconhece o grave problema do endividamento externo, é o único PM da nossa democracia que faz propaganda orgulhosa de um aumento propositado do défice.
"decidimos aumentar o défice até 3% e usar essa folga"
O Anterior governo PSD-CDS pode ter deixado o país com défice alto, mas nunca admitiu aumentá-lo propositadamente, muito menos com pompa.
Na questão do estatuto dos açores, depois de um Presidente da República vencedor por maioria absoluta fazer parar o país duas vezes para alertar para os malefícios de retirar poder ao PR (sendo ou não constitucional), o PM diz:
"Eu não encontro razões para me opor à esta leitura (do PS) da constituição, pelo contrário...".
É um PM que apesar das medidas anticrise já anunciadas, afirma:
"não há nenhuma economia preparada para reagir e para responder a uma crise destas"
"recessão, não escaparemos a isso".
Se o cenário é de desastre, porquê as medidas paliativas e não verdadeiras reformas?
Sabendo da suprema eficácia e crescente necessidade dos transportes colectivos, sobretudo os ferroviários; e sabendo das lacunas nos mesmos, o nosso PM refere a infeliz sequência de palavras:
"Estamos a investir na eficiência energética e nas rodovias".
Quando se vislumbrava um controlo das contas e do défice a 2,2 ou inferior, anunciou-se o derradeiro avanço das grandes obras públicas para "alavancar a competitividade".
Agora, com a "crise inesperada que só se vive uma vez na vida", e sabendo-nos "sem escape à recessão", no que concerne às grandes obras, o rumo é.... Não mudar nada, excepto o argumento justificador das mesmas:
"É justamente nestas alturas que o estado deve fazer investimento".
Para quê dizer isto se o governo não tenciona alterar nem para mais nem para menos o investimento previsto? Constata-se de facto uma outra diferença: agora, ao contrário do que acontecia à um ano atrás, estas obras representam aumento objectivo do défice.
O PM argumenta que em tempo de crise não se pode baixar os braços, mas noutra perspectiva poderá ler-se: 'com a crise, o governo não sabendo o que fazer, mantém-se inerte'.
"...a prioridade para 2009 é o emprego"
O PM usa ainda do argumento das grandes obras como que priorizando o emprego. Mas depois diz:
"Esses investimentos (TTT, TGV e NAL) são investimentos que não vão ter expressão em 2009".
Mais se poderia dizer que não vai ter expressão na próxima década!
Com a economia global estagnada, e as companhias aéreas em liquidação, será o TGV mais rentável que uma linha alfa? E será o NAL a única hipótese de manter a capacidade do transporte aéreo para a capital?
Um PM que se orgulha tanto das medidas sociais como o abono pré-natal e aumento de abonos para famílias mais carenciadas, e um PM que tanta referência faz à segurança das famílias que irão enfrentar momentos difíceis, expôe:
"não quero arriscar a falência de um banco no nosso país".
"em 4.º lugar, temos que apoiar as famílias".
Pergunta-se, quanto mais tempo irá durar a argumentação narcisista do nosso estimado PM e até quando irão os portugueses continuar a confiar na sua propaganda?...
Perderá inrresponsávelmente o PS, nesta janela de maioria absoluta, a oportunidade de reformar?
No final deste mandato de "modernização" da economia, muitos gostariam de poder voltar atrás no tempo...
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