segunda-feira, 1 de junho de 2009

Espírito Soberano, faz de conta.

Aproxima-se um tal de 10 de Junho, onde se celebra não se sabe bem o quê. Um país por cumprir dizem alguns... Toda uma identidade digo eu...

Fora de nacionalismos ingénuos, desperto a consciência para um conceito usado e abusado por todos os pensantes, opinadores e manipuladores de intenções - a soberania.

Falar de soberania de um país é falar de independência, autodeterminação e poder de um povo (se houver regime democrático).
Ninguém ousa afirmar que Portugal não é soberano. O autoritarismo necessita invocar a soberania mantida para justificar a luta contra os que a ela atentam. Por seu lado o anarquismo não consegue defender a ausência de autoridades para algo que não seja autónomo.

Sem soberania Portugal não seria mais que uns limites geográficos. A soberania quer-se porque ninguém abdica de ter uma identidade, um carácter, uma origem e um destino.

Mas até que ponto Portugal é soberano?
Não falemos do "quero posso e mando" que já nada tem que ver com soberania, apenas com orgulho.
O estado obedece à lei?
A lei obedece à constituição?
A constituição obedece ao povo?
Quanto valem as regras?...


Portugal pertence ao Mundo como o Mundo pertence a Portugal. As fronteiras, o mar ou o espaço aéreo não podem ser grades de uma cela. Privar o Mundo de Portugal é aprisionarmo-nos num caixão esperando a morte.
Na nação como na vida, é essencial h
aver pensamento soberano e culto de soberania quer individual quer colectivo. Sem vontade soberana não existe personalidade.

Entidades internacionais ditarem regras a um país não é forçosa perca de soberania. Mas depender dessas regras externas para que as autoridades portuguesas se exerçam, de facto não abona.

Vivemos num país que não depende dele próprio mas de outras soberanias de nações. Pior, de interesses.
Metade dos alimentos que Portugal necessita só satisfazem Portugal porque há outras soberanias que o permitem.
O mesmo sucede com 80% da energia, 80% das nossas políticas, 99% da nossa autodeterminação...
Pescamos nas nossas águas o que outros nos deixam pescar e cultivamos na nossa terra o que outros nos deixam cultivar.

Soberano?
Não. Em boa verdade nem as convicções o são. Nem mesmo a força para todas as acções, para todo o nobre valor - a imperatriz coragem, o é.
Nós aprendemos tão-somente o que outros nos querem ensinar.
Pensamos o que outros nos impingem.
Vestimo-nos e comportamo-nos como o olho social nos quer ver.

Soberania é uma miragem de oásis para quem vagueia num deserto sedento. Um chamariz que nos move no nosso percurso de vida. O contra-balanço do esquecimento.

Faz falta mais independência, primeiro de espírito, depois do corpo.
Entretanto, haja saber viver no meio-termo porque todo o extremo é apenas uma referência.

2 comentários:

  1. Cabe perguntar: existe algum país no mundo totalmente autosuficiente em qualquer dos campos enunciados no post?
    Existe algum país no mundo totalmente autosuficiente em todos os campos enunciados?
    Portugal não o é, actualmente, com certeza em nenhum deles. Mas... alguma vez o foi? Ou seria possível que o fosse nas actuais condições?

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  2. Amigo Rui
    As utopias são metas que expressam ideais.
    O que é real ou surreal é determinado pela consciência.
    A Dinamarca exporta energia elétrica, o Tibete exporta humanismo, a China exporta pessoas e Portugal exporta o quê?
    O quinto império não precisa ser iventado, ele existe, falta descobri-lo, individualmente como meio para atingir a plenitude como fim.

    Não precisariamos de ser completamente autosuficientes, mas a sustentabilidade não é mais que equilíbrio. E Portugal é nisto tudo um país desiquilibrado como tantos outros...

    A força está em nós e tenhamos a fé de que o Homem se ilumine antes do ponto de não retorno à auto-extinção, que comporta mais dimensões que a literal...

    Obrigado caríssimo. Volte sempre.

    PRD

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